O Ministério Público (MP) de Moçambique diz não haver indicações de qualquer ligação entre os insurgentes que aterrorizam a província nortenha de Cabo Delgado ao grupo radical Al Shabab, mas ainda desconhece os mandantes dos atacantes.
É a primeira vez que o MP pronuncia-se sobre a actuação dos insurgentes, que protagonizam ataques a alguns distritos de Cabo Delgado, afirmando não tratar-se de terrorismo, "mas de uma espécie de extremismo".
Para o MP, "olhando para aquilo que está a acontecer no terreno, conclui-se tratar-se de extremismo, uma vez que em Moçambique ainda não apareceu ninguém a reivindicar os ataques, como tem acontecido noutros países".
Ao nível das comunidades em Cabo Delgado e de alguns sectores da opinião pública moçambicana, o que se diz é que os atacantes são associados ao grupo radical islâmico Al Shabab, embora a organização nunca tenha feito qualquer referência a esses ataques.
Refira-se que as autoridades moçambicanas ordenaram o encerramento de algumas seitas religiosas, com a alegação de que têm sido usadas pelos insurgentes como locais para o recrutamento de jovens para engrossarem as suas fileiras. Inicialmente, as autoridades disseram tratar-se de um grupo de inspiração islâmica.
Cerca de 200 pessoas morreram desde o início dos ataques, em 2017, que, segundo organizações da sociedade civil, devem-se à pobreza que afecta grande parte da população de Cabo Delgado.