Sindicatos dos mineiros e patronato em rota de colisão sobre aumento salarial na África do Sul. Mineiros moçambicanos temem onda de despedimentos como forma do patronato contornar aumentos salariais.
A Associação dos Mineiros da África do Sul exige um salário mínimo de 12.500 rands, cerca de mil dólares norte-americanos, por mês nas minas de ouro.
O mesmo salário está a ser praticado, de forma faseada, no sector de platina depois da greve que culminou com a morte de cerca de 45 mineiros em Agosto de 2012.
A União Nacional dos Mineiros, maior sindicato dos trabalhadores mineiros, considerado aliado do ANC, exige cerca de 11 mil rands como salário base no sector de ouro.
Por seu lado, o patronato considera que os salários exigidos são exorbitantes nas condições do mercado.
Os sindicatos não mostram sinais de recuo nas negociações mediadas pela câmara sul-africana das minas, uma instituição com mais de 70 membros ou companhias mineiras, empregando cerca de 500 mil trabalhadores.
Face à pressão de aumento salarial devido à grave crise de energia eléctrica, as companhias mineiras vão executar um plano B que consiste na redução da mão-de-obra e introdução de tecnologias para exploração de minérios.
O aviso já foi dado. Os trabalhadores mineiros moçambicanos estão muito apreensivos, a avaliar pelas palavras de Manuel Paulo Matola, que trabalha nas companhias de platina de Lonmin.
Moçambique tem actualmente 32 mil trabalhadores na indústria mineira sul-africana, que contribuem com cerca de 750 milhões de rands por ano para a economia moçambicana.
Há 12 anos havia 55 mil trabalhadores moçambicanos, mas devido à redução da mão-de-obra devido à pressão para o aumento salarial e introdução de novas tecnologias, Moçambique tem vindo a perder anualmente oito por cento da sua forca de trabalho na indústria mineira sul-africana.
Segundo observadores, este ano poderá perder muito mais.