Os militares guineenses ocuparam nesta segunda-feira, 2, as instalações do Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais da Relação e Regional de Bissau, impedindo assim o seu funcionamento.
A informação avançada à VOA pelo primeiro-ministro demitido, Aristides Gomes, foi confirmada pelo Gabinete do Presidente numa nota assinada pelo assessor de imprensa, Salimo Vieira.
"O Supremo Tribunal de Justiça vem informar a opinião pública nacional e internacional que por razões desconhecidas as instalações do Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal da Relação e o Tribunal Regional de Bissau foram ocupadas por forças de defesa e segurança, fato que impede o normal funcionamento destes tribunais", diz o comunicado divulgado na tarde de hoje.
Fontes da VOA indicam que também estão ocupadas várias outras isntituições, como o Palácio do Governo, os ministérios da Justiça e do Interior, bem como a televisão e a rádio públicas.
Situação confusa
A situação na Guiné-Bissau mudou bruscamente na quinta-feira, 27, quando o vencedor declarado da segunda volta da eleição presidencial de 29 de Dezembro de 2019 pela Comissão Nacional das Eleições (CNE), Úmaro Sissoco Embaló, assumiu o poder numa cerimónia considerada por ele simbólica num hotel de Bissau, convocada pelo primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional Popular, Nuno Gomes Nabian.
Na ocasião recebeu a faixa presidencial e depois de um discurso de posse dirigiu-se ao Palácio Presidencial, acompanhado do Chefe de Estado cessante, José Mário Vaz, que lhe passou o poder e, depois, deixou o Palácio.
Na sexta-feira, em dois decretos presidenciais, Embaló demitiu o primeiro-ministro Aristides Gomes e nomeou para o cargo Nuno Gomes Nabian.
No mesmo dia, o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, tomou posse na Assembleia Nacional Popular com o apoio do maioria parlamentar como Presidente da República interino, por considerar ter havido vacatura na Presidência devido ao abandono de José Mário Vaz.
No domingo, Cassamá renunciou à Presidência interina devido a ameaças contra a sua integridade física, de acordo com uma declaração feita a jornalistas