Enormes quantidades de produtos agrícolas produzidos em Angola continuam a deteriorar-se todos os anos nos campos de produção, aumentando a carência alimentar no seio de milhares de famílias angolanas.
Os produtores apontam como dificuldades a falta de escoamento, recursos financeiros, meios de transporte e o avançado estado de degradação das estradas terciárias em todo o país.
Em Malanje, por exemplo, três toneladas de frutas diversas, entre abacate, abacaxi, banana, goiaba, laranja, limão, mamão, maracujá, melancia e tangerina deterioraram-se no princípio deste ano (2023) na fazenda Quicoca, município de Massango, mais de 230 quilómetros da sede provincial.
A sócia do campo agrícola, Celeste Cambambe disse que em 2022 “stragou muita fruta [por] falta de ajuda em transporte, conforme viram a estrada, só tenho mota de três rodas e não aguenta”.
A fábrica de merenda escolar de pequeno porte da Cooperativa Agrícola Futuro Jovem do município de Cangandala, aqui na cidade de Malanje, deixou de funcionar há três meses.
O presidente da cooperativa Tomás Samuxito diz não haver condições para o transporte da matéria-prima e há atrasos no pagamento de uma dívida por parte da Administração Municipal local.
“Porque as linhas de acesso [estradas terciárias] são um problema sério. Nós em Angola uma das coisas principais que estamos a apelar ao Estado é mesmo ver as linhas de acesso para as fazendas, porque é através delas que vem a alimentação para a própria população”,afirmou .
A aquisição de um camião para escoar os produtos do campo para o centro de transformação é outro desafio.
“Concorremos para as viaturas, essas que vieram para o campo, que o Ministério da Economia e Planeamento está a dar para transportar os produtos do campo e está desde o ano antepassado (2021) é até hoje não temos nenhuma resposta”, lamentou.
O governo angolano âmbito do programa de facilitação do escoamento dos produtos do campo para a cidade do Ministério da Indústria e Comércio adquiriu 500 carinhas, que estão a ser distribuídas a operadores de transportes de mercadorias para reduzir os prejuízos relacionados ao escoamento dos produtos.
Seis viaturas já foram entregues à operadores de Malanje e outra dezena poderá beneficiar novos operadores na segunda fase, de acordo com o director do Gabinete Provincial de Desenvolvimento Económico e Integrado, Pedro Ginge.
“Depois destas 10 carrinhas que serão agora entregues teremos também mais 17 camiões, eu são Kamazes e Gazes para a transportação do grosso de produtos para os grandes centros comerciais”, confirmou.
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