A migração para os países mais ricos atingiu um nível recorde pelo segundo ano consecutivo em 2023, disse a OCDE na quinta-feira, 14, refletindo a procurapor mão-de-obra estrangeira e as lacunas na força de trabalho deixadas pelo envelhecimento da população.
Um total de 6,5 milhões de migrantes permanentes estabeleceram-se no ano passado nos 38 países que compõem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico, um aumento de 10% em relação a 2022, disse a organização em relatório Perspectivas da migração internacional em 2024.
Registou-se também um aumento dos migrantes temporários e das pessoas que procuram asilo, muitas delas vítimas de conflitos, perseguições ou pobreza.
“Estes fluxos elevados alimentaram uma preocupação generalizada sobre o impacto dos migrantes nas economias e sociedades dos países de acolhimento. Mas também apontam para grandes oportunidades”, afirmou o diretor da OCDE para o emprego, Stefano Scarpetta.
“Em muitos países da OCDE que enfrentam uma escassez generalizada de mão-de-obra e alterações demográficas iminentes, o número crescente de trabalhadores migrantes tem contribuído para um crescimento económico sustentado”.
Scarpetta sublinhou que os países de acolhimento têm “controlo praticamente total” sobre quem autorizam a entrar legalmente, pelo que, aumentando as possibilidades de “migração regular, ordenada e segura”, poderão gerir melhor os fluxos irregulares de pessoas.
Os Estados Unidos - cujo presidente eleito, Donald Trump, prometeu deportar em massa os migrantes - continuam a ser o principal destino dos trabalhadores estrangeiros.
O país registou 1,2 milhões de novos imigrantes permanentes legais em 2023, o valor mais elevado desde 2006.
Cerca de um terço dos países da OCDE registou um recorde de migração legal no ano passado, incluindo a Grã-Bretanha (747 000 chegadas), o Canadá (472 000), a França (298 000), o Japão (155 000) e a Suíça (144 500).
O número de imigrantes diminuiu num outro terço - nomeadamente na Dinamarca, Estónia, Israel, Itália, Lituânia e Nova Zelândia.
Empregos na economia informal
Grande parte do aumento deveu-se à chegada de pessoas para se juntarem a famílias já legalmente estabelecidas nos países da OCDE (43%), possivelmente na sequência da pandemia de Covid-19, que atrasou o reagrupamento familiar, fechou as fronteiras e levou a requisitos de entrada mais rigorosos.
O relatório refere ainda um aumento de 20% em 2023 no número de estrangeiros a quem foi concedido o direito de residência por razões humanitárias legítimas.
Dos 650 mil refugiados que receberam oficialmente proteção nos países da OCDE, muitos fugiam da guerra na Ucrânia.
A migração por motivos profissionais manteve-se estável no ano passado.
Segundo a OCDE, os migrantes estão a encontrar cada vez mais empregos assalariados.
Mas este não é o caso de todos e muitos migrantes criam as suas próprias empresas para obterem um rendimento estável.
Em 2022, por exemplo, 17% de todos os trabalhadores por conta própria na OCDE eram migrantes legais, contra 11% em 2006.
Dito isto, as empresas criadas por migrantes - particularmente através de plataformas digitais que são relativamente baratas de criar e tornam relativamente fácil o acesso aos clientes - levaram a quase quatro milhões de novos empregos entre 2011 e 2021, disse.
No entanto, acrescentou, os trabalhadores migrantes têm mais probabilidades do que as pessoas nascidas localmente de terem empregos inseguros, como na economia de biscates, ou de serem classificados como “trabalhadores independentes” pelas empresas para as quais trabalham.
Isto significa que, em muitos casos, desempenham funções semelhantes às dos trabalhadores por conta de outrem, mas não usufruem de nenhum dos benefícios concedidos a estes últimos.
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