A Zâmbia, Africa Austral e o continente africano estão de luto com a morte do presidente Michael Sata, num hospital londrino, aos 77 anos de idade, vítima de doença não revelada.
Sata deixa um legado politicamente considerado controverso marcado pela nomeação de um branco de origem britânica como vice-presidente num país de maioria negra.
Os seus pares chamados revolucionários da África Austral, com Robert Mugabe do Zimbabwe à cabeça, consideravam Michael Sata como traidor da revolução contra a dominação branca em África, mas o veterano politico zambiano manteve a sua posição até à morte.
Zondante Sakala, jornalista zambiano baseado na Africa do Sul, diz que Michael Sata deixa um legado primário de trabalhador exigente e duro.
Sakala explica que o antigo presidente era popularmente conhecido por ser exigente e despedia chefes preguiçosos no local de trabalho à vista de todos.
Segundo o jornalista, politicamente era difícil enfrentar Michael Sata, mesmo no tempo de partido único dirigido por Kenneth Kaunda, primeiro presidente da Zâmbia.
País do interland, ou seja sem ligação directa com o mar, Zâmbia é conhecida como palco de acordos de paz para dois países da língua portuguesa, nomeadamente Moçambique e Angola. Foi na capital zambiana que foi assinado, em Setembro de 1974, o acordo de Lusaka que culminou com a independência de Moçambique em 1975.
Lusaka acolheu igualmente o acordo de paz entre o Governo angolano e a Unita e a liderança exilada do ANC sul-africano no tempo do apartheid na Africa do Sul.
Por isso e muito mais, o jornalista sul-africano, Efraimo Khumalo diz que a África perdeu um líder cujo legado deve ser preservado para sempre.
Este é o segundo presidente zambiano a morrer de doença em pleno exercício de um total de cinco chefes de Estado desde a independência do país em 1964.