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O meu segredo é a persistência e a coerência, afirma o saxofonista moçambicano Otis


Otis, saxofonista moçambicano, Festival Nacional de Cultura, Inhambane, 2014
Otis, saxofonista moçambicano, Festival Nacional de Cultura, Inhambane, 2014

Em 1975 trocou Inhambane por Maputo. Dez anos depois decidiu fixar residência em Lisboa. Tem oito discos e prepara mais.

“Se gostas de fazer alguma coisa, persista. As coisas não são fáceis, sobretudo num sítio onde não nascemos,” diz, ao telefone, o saxofonista.

A frase tem muito a ver com o seu percurso iniciado em Inhambane, Sul de Moçambique, onde o seu pai era regente de uma orquestra municipal, antes da independência.

Seguir a música não foi necessariamente uma opção, recorda Otis. O seu pai determinou. Mas manter a linha que abraça – mescla de soul, jazz e ritmos africanos – foi sua escolha.

“Não alinhei muito nas mudanças. Tentei ser eu com a minha música, coerente com o que quero,” conta o artista que aprendeu a soprar e a ler música com o pai também sax-soprano, na década de 1960.

Em Maputo, a capital de Moçambique, onde chegou com apenas 16 anos de idade, fez parte de legendárias formações, como o Grupo Experimental Nº 1 e o RM. Adolescente, partilhou palcos com figuras experientes como Alexandre Langa, João Paulo, Pedro Ben, entre outros.

Pelo caminho, Otis largou um curso comercial. A intensa actividade musical, diz, não permitiu.

Em 1985, Otis recebeu uma passagem das mãos do empresário musical moçambicano Alex Barbosa. Na sua bagagem, o objecto mais importante era um saxofone, também oferta de Barbosa. Fixa-se em Lisboa e em três meses já tocava em cabarés como o Ritz Club.

Passados cerca de dez anos, em 1994, saiu o seu primeiro disco, Influências. Outros sete seguiram, sinal de aceitação.

Entre trabalhos e exibições individuais, Otis colaborou durante mais de dez anos com estrelas portuguesas como Roberto Leal, Paulo de Carvalho, Dulce Pontes, Miguel e André. Colabora igualmente com artistas africanos como Mariza, Tito Paris e Bonga.

Acompanhe a entrevista:

O meu segredo é a persistência e coerência, afirma o saxofonista moçambicano Otis - 17:56
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