O Mercado Municipal de Benguela, que acolhe várias dezenas de vendedoras expulsas das ruas por força da Operação Resgate’, pode ficar sem gestão devido a um diferendo entre as autoridades do município e a empresa gestora, a Promec, que alega prejuízos financeiros para justificar uma eventual rescisão do contrato.
Num documento com cópia para a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Administração Municipal reclama uma dívida de 386 mil dólares, que diz ser referente a rendas, e denuncia falta de prestação de contas, para o desagrado dos gestores do ‘’Heróis de Moncada’’.
Em reacção ao que chama de falsidades, a Promec, detida em 60 por cento pela Propar, o grupo empresarial que assinou o contrato de gestão com o Governo, em 2009, adverte que também o Mercado do Lobito deverá ser abandonado.
Cada um dos dois estabelecimentos, segundo o director, António Oliveira, factura uma média mensal superior a um milhão de Kwanzas, valor insuficiente para disfarçar os prejuízos decorrentes da falta de energia da rede pública.
“Fizemos, por nossa conta, calçada envolvente, arranjámos telheiros. É ridículo hoje, e isso posso dizer, que um equipamento no centro da cidade não tenha luz, nunca teve. Agora, a Administração dizer que nós não prestamos conta e que não pagamos rendas... Fiz um levantamento, de 2013 a 2009, ao câmbio da altura, e já vai em 390 mil dólares. Se você é obrigado a dar luz e não o faz, nós temos de fazer contas, gastamos 54 mil kwanzas/dia a comprar gasóleo’’, reforça.
Oliveira apresenta comprovativos e salienta que a Administração de Benguela vem recebendo da Promec, trimestralmente, como impõe o contrato, cerca de oito mil dólares.
Por esta razão, mas também pela queixa ao órgão que fiscaliza a legalidade, a estrutura accionista deve avançar para a rescisão do contrato.
“A rescisão não é um problema para nós, é um problema para o Governo. Aquele mercado, sem ter PT a dar energia, é inviável, não sobrevive. A menos que se aumentassem as rendas, três ou quatro vezes, ao câmbio da altura, de 75 ou 100 kwanzas, para os 300 de agora, e isso é irracional’’, avança o director.
O Mercado Municipal do Lobito, agora a beneficiar de umPosto de Transformação, conta com energia da rede há apenas duas semanas.
O administrador municipal de Benguela, Carlos Guardado, manifestou indisponibilidade para tratar do assunto no momento em que foi contactado pela VOA.
A reabilitação dos dois estabelecimentos, no quadro do Presild, Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População, custou ao Estado acima de USD 8 milhões.