Arrancou oficialmente nesta quarta-feira,15, em Angola a descontinuidade gradual do pagamento físico em dinheiro nos serviços de transporte público de passageiros com a entrada em funcionamento dos chamados cartões Giramais.
Luanda, Benguela, Huambo, Malanje, Cabinda e Huíla são as províncias que servirão de experiência para posterior extensão do programa pelo país.
A empresa nacional de bilhética integrada, (ENBI), que gere o programa, fez saber que foram emitidos até à data mais de 360 mil cartões nas seis províncias selecionadas com grande incidência para estudantes.
Na Huíla, utentes divididos entre o sucesso do programa e as dúvidas manifestaram suas opiniões.
Teresa da Silva é estudante sabe dos benefícios da iniciativa mas levanta algumas dúvidas sobre os serviços
“O que me preocupa é quando você chega à paragem e não tem autocarros suficientes para ires à escola ou a uma instituição, local de trabalho e essa é a minha preocupação porque os autocarros chegam muito cheios e muito lotados”, disse a estudante.
Joaquim Domingos é funcionário público e espera que o novo sistema de acesso aos transportes públicos ajude a resolver, entre outros problemas, as enchentes nos autocarros.
“O autocarro não é pontual, não existe aquela competência e zelo pelos passageiros. Então eu gostaria que o cartão viesse sanar essa problemática. Sabemos que os autocarros andam extremamente lotados, essa superlotação muitas vezes nos causa desconforto, espero que com os cartões pelo menos possa se fazer cota diferente de formas a não estar tão cheio”, afirmou aquele funcionário.
A ENBI já veio anunciar nesta quarta-feira, 15, o prolongar da coabitação entre o pagamento da tarifa no autocarro com o passe Giramais e o pagamento com dinheiro físico, justificando a medida “a razões técnicas derivadas do elevado número de utentes que têm ocorrido nas últimas horas aos postos de atendimento para procederem com o levantamento e carregamento dos passes Giramais” lê-se num comunicado.
O sociólogo Laurindo Bringo aplaude a ideia de as duas formas de pagamento coabitarem, mas alerta que o êxito do programa passa também pela disponibilidade de autocarros que se tem revelado pouca para a atender à demanda.
O especialista fala em desafios a vencer nesta nova realidade.
“Nós estamos a falar de um serviço que que do ponto de vista daquilo que é a nossa realidade cultural e a nossa perspectiva sociológica tradicional da relação com o dinheiro este é um outro desafio. Nós ainda temos pessoas que não acreditam que o dinheiro se deposite, ainda temos esses desafios!”, afirmou.
O diretor em exercício do gabinete provincial dos transportes, tráfego e mobilidade urbana da Huíla, Eliseu Fidalino, entende que o novo serviço vai exigir de todos e dos utentes em particular, uma nova forma de encarar os serviços.
“É uma questão de consciência por parte de nossos passageiros o autocarro quando estiver na sua lotação exigida podemos aguardar o outro autocarro”, disse.
O início do fim do uso do dinheiro físico no pagamento dos transportes públicos é o meio encontrado para se reduzir os “ esquemas” nos autocarros, plano que só deve estar concluído com a expansão do sistema nacional de bilhética integrada em todo país.
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