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STP: Menores nas ruas, fenómeno de crescentes proporções


Associação para Reinserção das Crianças, São Tomé e Príncipe
Associação para Reinserção das Crianças, São Tomé e Príncipe

Associações com poucos recursos pedem estudo sobre o universo real dos meninos na rua

Associações de acolhimento de crianças abandonadas e em situação de risco estão a braços com o aumento de menores nas ruas de São Tome e Príncipe.

Os responsáveis dessas instituições afirmam que são cada vez maiores os desafios para atender crianças sem acompanhamento familiar e pedem estudos para determinar o número de menores nestas condições.

Balbina da Trindade já soma quase quatro décadas acompanhando crianças abandonadas e em situação de risco.

“Geralmente são meninos de famílias alargadas e monoparentais. Dormem nas praias, nas canoas dos pescadores, nos mercados”, diz a mulher que há 35 criou a Associação Para a Reinserção de Crianças em Situação de Risco (ARCAR).

Caso de sucesso

Há décadas que o espaço para 50 crianças de sexo masculino construído com o apoio de parceiros internacionais, entre eles de Portugal e do Japão está sempre cheio.

“Algumas crianças, por si só vêm cá à procura do nosso apoio, mas dificilmente podemos recebê-los e os poucos meninos que conseguem vaga são acompanhados e assistidos até aos 18 anos de idade”, acrescenta Tia Balbina, como é conhecida em São Tomé, revelando que “o apoio do Estado são-tomense para garantir o funcionamento da instituição é pouco, mas a ARCAR recebe ajuda do ministério da Solidariedade de Portugal”.

O maior desafio são as refeições para os 50 meninos.

Entre 1991 e 2025 centenas de crianças passaram pela associação da Tia Balbina.

Exemplo

Dalton Nazaré, chegou a ARCAR aos sete anos de idade e aí ficou até aos 18 anos.

Hoje, o jovem de 24 anos está no quarto ano de formação em medicina no Brasil.

De férias veio apoiar os novos meninos da associação que o resgatou das Caritas.

“As crianças têm me visto como referência e elas também sentem que vão ter o mesmo sucesso que tive”, diz o jovem que cresceu e fez os estudos secundários na ARCAR.

Quantos sao?

Maria de Cristo, socióloga e antiga ministra da Solidariedade acompanha crianças em situação de risco no Centro Internacional Para Paz.

“O centro é pequeno. Dia a dia há pedidos e não temos como acolher”, a antiga responsável das Caritas de São Tomé.

As associações de apoio as crianças em situação de risco defendem a realização de estudos para apurar a quantidade exata de meninos que vivem na rua.

”São as próprias mães que enviam as crianças para ruas para pedir dinheiro e elas acabam ficando a viver ali”, conclui Cristo, alertando igualmente para o aumento dos menores nas ruas.

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