Recentemente, em Nampula, uma menina de 14 anos foi expulsa de casa pela avó, por negar um casamento arranjado.
Sifa Maulana, como toda a rapariga da sua idade tem sonhos, formar-se como enfermeira.
Quando a família lhe deu a escolher entre casar ou sair de casa, ela pegou em 100 meticais e apanhou o autocarro sem saber para onde ir.
"A avó disse que 'se você não quer casar, melhor sair agora'. Arrumei a minha roupa, pedi ao meu cunhado 100 meticais e fui para a paragem", conta Sifa, agora no Mosteiro Mater Dei, onde foi acolhida pelas madres.
No mosteiro, a madre Maria garante que ela vai estudar.
A religiosa lembra que este é um problema comum: "É muito preocupante, porque há uma opressão. A mulher em geral sempre foi oprimida. O casamento prematuro está a dar-se muito para colocar depressa as crianças fora de casa, tirar bocas de casa, sobretudo as famílias pobres".
As famílias em Nampula justificam estas uniões com a pobreza que vivem.
As uniões forçadas estão entre as formas graves de violação de direitos humanos das meninas, por isso Moçambique aprovou em 2019 a lei de prevenção e combate às uniões forçadas, mas que a sua implementação ainda é um desafio devido, principalmente, à fraca denúncia dos casos e pouca consciência social.
Segundo as autoridades moçambicanas, Nampula é uma das províncias em que muitas meninas casam antes dos 18 anos por imposição da família.
Embora não haja dados recentes de meninas forçadas a casar em Nampula, vários organismos têm manifestado preocupação e apelam às comunidades para denunciar casos.