Em Nampula, a mendicidade e o trabalho infantil fogem do controlo das autoridades governamentais.
A sociedade civil em Nampula lamenta a falta de colaboração na implementação dos programas que combatam a mendicidade e o trabalho infantil na província. Aqueles dois fenómenos estão, no entanto, maioritariamente concentrados em Nacala-porto e na capital provincial, onde vão surgindo investimentos estrangeiros a um ritmo considerável.
Manuel Conta, coordenador da Solidariedade Zambeze, uma organização humanitária que trabalha na defesa dos direitos da criança em Nampula, refere sem avançar números que o crescimento da mendicidade está associada à fragilidade do Governo que nada faz, mas também de empresas e agentes económicos.
Conta diz que, na tentativa de fazer o bem, as empresas oferecem produtos alimentares às portas das lojas todas as sextas-feiras, uma prática que transmite às crianças a ideia de que a vida de pedinte é fácil e convém. Com esta prática as crianças preferem viver na rua.
Para aquele activista social, as crianças estão expostas ao tráfico de menores.
O coordenador da Solidariedade Zambeze considera que a mendicidade e o trabalho infantil estão intimamente ligados ao alto nível de pobreza que, há 10 anos, mantêm-se nos 54,7 por cento de acordo com estudos de várias organizações doadoras.
Por isso, Manuel Conta diz duvidar que alguma coisa venha a mudar na actual falta de transparência na partilha e distribuição da riqueza em Moçambique.