O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano lançou a sua primeira obra autobiográfica intitulada “Vidas, Lugares e Tempos”.
São 376 páginas de um livro que retracta as percepções e vivências dos primeiros 23 anos da sua vida, que cobrem o período da dominação colonial e o momento do seu despertar para a causa do nacionalismo moçambicano.
Trata-se do primeiro de três volumes previstos com os quais Chissano pretende partilhar as suas memórias sobre o seu percurso social e político, grande parte do qual, passado na liderança dos destinos de Moçambique.
Na apresentação da obra, Chissano diz ser uma obra que, acima de tudo, pretende repelir a tentativa de fazer de si um mito nacional.
“Tentei no livro repelir qualquer tentativa de mitificar a pessoa de Joaquim Chissano porque este não é um mito, e não quero ser um mito”, disse Chissano.
O Reitor da universidade “Apolitécnica”, Lourenço do Rosário, descreveu a obra como uma contribuição do antigo estadista para o conhecimento do lado humano e pessoal, no contexto da história de Moçambique, advertindo contra espectativas de encontrar novas revelações sobre a história da Frelimo.
Nos elogios á vida e obra do antigo estadista moçambicano, o jornalista Tomás Vieira Mário destacou o papel de Chissano para a introdução da actual Lei e da liberdade de Imprensa em Moçambique, onde foi a peça fundamental para esta conquista.
“O papel do presidente Chissano não se limitou na aprovação da Lei de Imprensa. A sua conduta política tornou-se numa fonte de reforço dos direitos fundamentais e humanos, na base da cultura de tolerência, paz e respeito pelos diritos humanos e pela liberdade dos profissionais de comunicação social no exercício das suas funções”.
A obra ora lançada é chancelada pela Texto Editores e está prefaceada por Mário Machungo, figura que já ocupou vários cargos ministeriais nos governo de Chissano e inicia com um poema “Adeus á hora de largada”, de autoria de Agostinho Neto.
Os próximos volumes, cujas datas de lançamento ainda se desconhecem, cobrirão o período de 1963 a 1975, momentos que vão desde a sua chegada a Tanzânia até independência nacional; o período que vai de 1975 a 1986, o qual compreende a fase em que foi Ministro dos Negócios Estrangeiros até à morte do Presidente Samora Machel e o último, compreenderá os 18 anos em que esteve como Chefe de Estado.
A cerimónia do lançamento do livro contou com a presença de mais de 500 pessoas, com o destaque para o presidente Armando Guebuza, membros do parlamento e do Conselho de Ministros, empresários, acadêmicos e estudantes, que sobrelotararam o anfiteatro da universidade “A Politécnica”.