“Estou mais determinado do que nunca a prosseguir a luta pela liberdade e pela justiça”, escreve o activista José Marcos Mavungo condenado a seis anos de prisão em Cabinda por crime de rebelião.
Numa carta endereçada a amigos e activistas sociais de Angola, e divulgada por familiares, Mavungo garante estar “mais determinado do que nunca a prosseguir a luta pela liberdade e pela justiça”.
O activista escreve que “se todos os dias somos explorados, se todos os dias somos espezinhados, se todos os dias somos presos e condenados injustamente, nem por isso vou baixar os olhos diante da ´peste´ que elegeu domicílio em Angola”.
Na carta, José Marcos Mavungo, preso a 14 de Abril antes do início de uma manifestação prevista a favor dos direitos humanos e contra a governação de Cabinda, lembra ter saído do tribunal, a 14 de Setembro, algemado, mas “com um sorriso”.
“Eu estava condenado por defender os pobres e os oprimidos do meu povo”, afirma Mavungo, que considera a sua condenação “por delito de opinião e por procurar convencer a comunidade que é um dever legal e moral não pactuar com o mal, tanto como colaborar com o bem. Eu estava condenado por desejar para o povo de Cabinda os direitos inalienáveis à vida, à Liberdade e à dignidade".
Na carta, o activista chama o Tribunal de Cabinda de “tribunal de excepção” por aplicar a “lei marcial, o que por outras palavra significa nenhuma lei”.
José Marcos Mavungo considera que o tribunal “tornou-se uma abominação, na medida em que podia ser prostituído, isto é, ir contra os factos da causa para condenar um homem de boa vontade, um inocente.
O activista esclarece que as informações difundidas sobre o seu estado de saúde logo após a sentença da condenação são falsas porque diz não ter estado no hospital sob intensos cuidados médicos, nem se desfez em lágrimas por causa da condenação.
“Continuo forte, como sempre fui, embora os tratamentos tidos em Abril e Maio últimos não me curaram de todo”, assegura Mavungo que termina a carta com um pedido: “Quero pedir-vos que prossigais na nobre luta pela liberdade, pela justiça e pela dignidade. Pelo que não há razão nenhuma para que os actuais activistas sociais sob detenção impeçam o prosseguimento da luta pelas mudanças em Angola”.
O último parágrafo da carta de Mavungo aos amigos e activistas diz que “o nosso destino final é o Reino da Liberdade e da Justiça e não podemos parar enquanto não tivermos entrado nas portas da metrópole e ver raiar o sol da Justiça”.