Membros do auto denominado Movimento Revolucionário viram na marcha do partido de Abel Chivukuvuku uma oportunidade para expressar o que não tem sido possível devido à proibição de manifestações.
A marcha promovida pela Convergência Ampla de Salvação de Angola, à qual acorreram militantes e não só, teve como pano de fundo acontecimentos que estarão a colocar em causa a estabilidade, conforme refere a organização.
Entre os vários participantes, estiveram jovens do auto denominado Movimento Revolucionário, inúmeras vezes "barrados" pela Polícia. Talvez por isso tivessem mostrado cartazes com imagens dos companheiros que estão a ser julgados em Luanda, na mesma altura em que exigiam mudanças a nível do aparelho central da governação. Na hora das explicações que se impunham, o secretário provincial da CASA explicou que os conflitos de terra, na base de três assassinatos, são a demonstração de cenários adversos à consolidação da paz.
"Benguela tem sido palco de confrontações entre a Polícia e a comunidade. Nega-se aos cidadãos o direito à terra, o que provoca vários conflitos. A população vai assistindo a detenções arbitrárias, agressões e mortes. Isto periga a paz em Angola. Não existem povos burros ou cidadãos parvos, mas cidadãos que, resistindo de forma pacífica, tudo fazem para não despoletar uma situação de descontrole", avisa o político Francisco Viena.
Francisco Viena vai mais longe e afirma que o discurso oficial é equivalente a um exercício de hipocrisia.
"Aqueles que dirigem o país, entre eles o Sr. Presidente da República, vão apelando sobre a paz de modo muito hipócrita. Fazem de modo falseado porque quem quer a paz não reprime os eleitores, respeita a Constituição e outras leis aprovadas pela Assembleia Nacional", sustenta, adiantando que o Governo tem práticas contrárias à paz.
Assim foi a marcha que marcou o término de um Conselho Deliberativo da CASA-CE em Benguela.