Morreu, na terça-feira, 12, em Maputo, António Alves da Fonseca, proeminente profissional de rádio e empresário de publicidade em Moçambique.
Fonseca tinha 94 anos de idade.
Nascido naquele país, a 15 de Agosto de 1929, Fonseca ingressou na então Rádio Clube de Moçambique, aos 25 anos de idade.
Entre os seus feitos na radiodifusão, tal como reportou, em 2022, o diário O País, de Maputo, consta a organização técnica da reportagem do dia da proclamação da Independência Nacional, 25 de Junho de 1975.
“A Rádio teve uma forte presença porque, além do Notícias e do Diário de Moçambique, era o único meio de transmissão”, disse Fonseca ao jornal.
Na Rádio Moçambique assumiu postos de gestão.
A par da carreira na radiodifusão, Fonseca fundou, em Maio de 1957, a empresa de publicidade Golo, que produziu anúncios de marcas locais e internacionais, programas radiofónicos e fez os primeiros relatos de futebol.
Ele esteve sempre com a sua esposa, a copywriter Flávia, descrita pelo neto Thiago Fonseca como “um talento nato para escrever”.
Promotor da marrabenta
Na Golo, Fonseca abriu espaço para a gravação da marrabenta, música popular do sul de Moçambique.
“Iniciei os meus estúdios, em 1969, e a partir daí comecei a gravar alguns artistas, mas não com intuíto comercial”, disse Fonseca, na sua homenagem, em 2019, no Festival da Marrabenta, em Maputo.
Na ocasião, ele partilhou que “aquilo que fiz não foi nada mais do que aquilo que gostei de fazer, e a marrabenta foi um dos ritmos que alcançou o meu interior todo; foram muitas gravações sem olhar a quem gravava, porque entendia que estava a dar uma colaboração à cultura mocambicana.
A lista dos artistas que gravaram nos estúdios da Golo inclui Fernando Luís, Pedro Ben e António Marcos.
“Obrigado velho amigo, o senhor fez me ser homem, nunca te esquecerei; enquanto outros nos expulsavam, ele nos recebia”, disse na referida homenagem o trovador António Marcos.
“Mas, olha eu fazia isso com muito prazer”, respondeu Fonseca.
Em 1977, dois anos depois da independência, com o país assumindo-se comunista, as empresas privadas de publicidade foram encerradas. A Direcção Nacional de Propaganda e Publicidade tomou o controlo da actividade.
Na segunda metade da década de 1980, Moçambique experimenta mudanças. Em 1986, a Golo retoma atividades e volta a dominar o mercado publicitário.
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