A capital moçambicana Maputo e a cidade vizinha da Matola acordaram praticamente vazias nesta segunda-feira, 23, com o comércio encerrado, na sua maioria, principais estradas bloqueadas e o transporte público praticamente inexistente.
Este é o cenário das horas que antecedem a apresentação pelo Conselho Constitucional (CC) dos resultados definitivos das eleições de 9 de outubro que, à luz dos números da Comissão Nacional das Eleições, deram vitória ao candidato presidencial da Frelimo Daniel Chapo, com mais de 70% dos votos, contra 20 por cento de Venâncio Mondlane.
O partido no poder também conquistou 195 dos 250 lugares no Parlamento e ganhou também a eleição para governadores.
O documento, que segundo algumas fontes tem centenas de páginas, foi validado ontem pelos sete juízes do CC e será apresentado hoje pela juíza presidente Lúcia Ribeiro.
As instituições do Estado e empresas públicas e privadas também encontram-se, em muitos casos, fechadas.
Ameaças e alertas
Venâncio Mondlane, que se encontra em parte incerta, disse que uma nova fase de protestos, bem mais abrangente, depende dos resultados a serem anunciados hoje.
“Se conseguirmos a verdade eleitoral, iremos para a paz”, disse Mondlane, no dia 18.
Ontem, o Papa Francisco apelou ao diálogo e à busca do bem comum em Moçambique e pediu ao povo que não se desvie "das ações que promovam a esperança, paz e reconciliação".
“Sigo sempre com atenção e preocupação as notícias que chegam de Moçambique e desejo renovar, àquele amado povo, a minha mensagem de esperança, de paz, de reconciliação. Rezo para que o diálogo e a busca do bem, comum apoiados pela fé e a boa vontade, prevaleçam sobre a desconfiança e a discórdia” disse o líder da igreja Católica após a oração do Ângelus, no Vaticano.
Os Estados Unidos elevaram na quinta-feira, 19, o seu nível de alerta contra viagens para Moçambique, afirmando que os protestos podem tornar-se, rapidamente, violentos.
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