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Maputo: CDD promete “ação enérgica contra o Estado” após violência em manifestação de ex-agentes


Adriano Nuvunga, Investigador, CDD, Moçambique
Adriano Nuvunga, Investigador, CDD, Moçambique

Antigos oficiais das Forças de Defesa e Segurança (FDS) foram violentamente escorraçados, na terça-feira, 4, nas imediações do escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em Maputo, onde exigiam o pagamento de compensações depois da sua desmobilização, ocorrida após o Acordo Geral de Paz celebrado em 1992.

Adolfo Samuel, porta-voz dos cerca de 300 manifestantes, explica que passam mais de 20 anos sem que tenham a resposta da sua compensação, integrada no acordo que pôs fim à guerra civil de 16 anos.

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“Nem água vai, nem água vem. E por que aqui? É aqui porque fomos desvinculados sob a egide das Nações Unidas. Foram as Nações Unidas que apadrinharam o Acordo Geral de Paz”, diz Samuel.

São perto de 2000 oficiais das FDS que aguardam pelas compensações. Alguns morreram e as viúvas continuam a batalha.

Marta Sambo, por exemplo, diz que o não pagamento das indeminizações impediu o cumprimento do sonho do seu esposo. “Se tivéssemos recebido o dinheiro teríamos organizado o que agora está em falta, teria concluído a minha casa e também organizado a minha machamba”.

Os ex-oficiais dizem que já contataram o Ministério da Defesa, bem como o dos antigos combatentes, mas a debalde.

Violência

A promessa de acampar até ser apresentada a solução deste problema acabou por ser violentamente interrompida pela Polícia da República, que descarregou toda a sua força para escorraçar os protestantes, o que afetou a comunicadora Sheila Wilson que estava ao serviço do Centro de Democracia e Desenvolvimento (CDD).

“Veio uma polícia, agrediu-me, disse ‘tens de parar com isso’, empurrou-me, mas depois, visto que eu continuava a transmissão, vieram até mim em volta de sete agentes, perseguiram-me e carregaram-me a força e colocaram-me em baixo de um Mahindra (carro)”, conta Wilson.

Continuando, Wilson conta que “ameaçaram-me, ‘apaga isso’, e eu neguei apagar, perguntaram-me de que órgão era (...) então levaram-me até a esquadra e passei lá à noite”.

Para Adriano Nuvunga, diretor do CDD, este é um atentado aos direitos dos defensores dos direitos humanos.

“Nós condenamos e vamos sair já com uma ação enérgica contra o Estado moçambicano ao nível interno e ao nível internacional também”, afirma Nuvunga.

Tanto as Nações Unidas, quanto o Governo Moçambicano ainda não se pronunciaram sobre a reivindicação dos ex-oficiais das FDS.

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