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Manuel Chang declara-se inocente em tribunal de Brooklyn mas juiz recusa fiança 


Manuel Chang, antigo ministro das Finanças de Moçambique em tribunal de Joanesburgo
Manuel Chang, antigo ministro das Finanças de Moçambique em tribunal de Joanesburgo

O juiz disse ao antigo ministro moçambicano que evidências sobre sua responsabilidade são fortes e negou a fiança de um milhão de dólares para aguardar o julgamento em liberdade, por considerar que há risco de fuga.

O antigo ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, declarou-se inocente das acusações de fraude eletrónica, fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro, ao comparecer nesta quinta-feira, 13, ante o juiz Nicholas Garaufis, num tribunal de Brooklin, em Nova Iorque

A agência Reuters afirmou que o juiz também negou a fiança de um milhão de dólares para aguardar o julgamento em liberdade, por considerar que há risco de fuga, em virtude de, segundo o magistrado, Chang pode entrar na Missão de Moçambique junto das Nações Unidas, país com o qual os Estados Unidos não têm acordo de extradição.

Os procuradores também defenderam que ele fique na prisão.

"As evidências sobre sua responsabilidade são fortes", afirmou o juiz Garaufis, dando a entender que os advogados do antigo ministro terão uma longa batalha pela frente.

Neste esboço de tribunal, o antigo ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, ao centro, declarou-se inocente num tribunal federal dos EUA, em Nova Iorque, quinta-feira, 13 de julho de 2023
Neste esboço de tribunal, o antigo ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, ao centro, declarou-se inocente num tribunal federal dos EUA, em Nova Iorque, quinta-feira, 13 de julho de 2023

Manuel Chang responde pelo seu papel no escândalo conhecido por "dívidas ocultas" que defraudou o Estado moçambicano em cerca de dois biliões de dólares e que envolveu também o Credit Suisse Group AG e a empresa Privinvest, com sede em Abu Dabi.

Os procuradores americanos disseram que pelo menos 200 milhões de dólares foram desviados para vários réus e funcionários do Governo moçambicano.

A acusação assegura que Chang, secretamente, fez com que o Governo avalizasse os empréstimos em troca de subornos, e que as três empresas eram realmente "testas-de-ferro" para Chang e outros réus se enriquecerem.

O esquema enganou os investidores americanos sobre a credibilidade de Moçambique, concluíram os procuradores.

Os procuradores asseguram que Chang embolsou pessoalmente 5 milhões de dólares em subornos.

“O réu era um alto funcionário do Governo em Moçambique e suas ações ajudaram a devastar a economia de uma das nações mais pobres do mundo”, concluíram os procuradores Hiral Mehta e Jonathan Siegel em carta ao tribunal.

Inocente e não recebeu migalhas

O advogado do antigo ministro, Adam Ford, disse no tribunal que Chang garantiu os empréstimos na qualidade de ministro e não aceitou migalhas.

"Ele pretende ficar aqui e lutar contra essas acusações", assegurou Ford.

Entre os demais réus no processo estava Jean Boustani, vendedor da empresa de construção naval Privinvest e acusado de subornar funcionários e banqueiros.

Ele foi absolvido no julgamento em Dezembro de 2019, depois de provar que não teve nenhum papel na garantia dos empréstimos para os investidores.

Três ex-banqueiros do Credit Suisse declararam-se culpados em 2019.

A agência Bloomberg escreve que caso for considerado culpado, Manuel Chang pode ter uma pena de até 55 anos.

C/Reuters

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