A província de Luanda foi palco da repressão de apenas uma manifestação durante a gestão de João Lourenço, quando um grupo de estudantes tentou manifestar-se contra a falta do seu enquadramento nas escolas públicas.
Ao contrário do que acontece por exemplo em Malange e na Lunda Sul, esta maior tolerância na capital leva observadores a dizerem que o país anda a duas velocidades nesta matéria.
Após a manifestação contra a administração do Município do Cazenga um novo protesto está previsto para este sábado, 21, contra o administrador municipal de Viana, Jeremias Dumbo.
Nito Alves, um dos organizadores, diz que os cidadãos exigem “o fim das demolições ilegais, maior respeito pelas vendedoras ambulantes e denunciam supostos actos de corrupção praticados pelo administrador”.
Contactado pela VOA, Jeremias Dumbo preferiu não comentar o assunto.
A VOA sabe que está prevista para breve exoneração de vários administradores em Luanda, com vista a afinar as estratégiaspara as eleições autárquicas.
A capital angolana tem sido vista como a mais permissiva para a realização de manifestações de rua.
Luanda foi palco de repressão de manifestantes apenas uma vez, após a saída de José Eduardo dos Santos no poder,quando um grupo de estudantes exigiu o seu enquadramento nas escolas públicas.
“Temos um país a duas velocidades, sabemos que noutras províncias os governadores impedem a realização das manifestações”, comentou o analista Olivio Kilumbo.
Opinião semelhante tem o jornalista e investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola, Cláudio Ramos Fortuna, que aponta o dedo aos governadores.
“Temos um país em que nas outras províncias os governadores são uma espécie de imperadores”, denunciou Fortuna, lembrando que o último relatório sobre a situação dos activistas em Angola “ainda é vergonhosa”.