O Malawi foi obrigado a racionar o abastecimento de combustível esta semana, devido à falta de divisas.
A Autoridade Reguladora da Energia do Malawi (MERA) disse que as restrições afetariam estações de serviço específicas e ajudariam a evitar o açambarcamento e as vendas no mercado negro.
As medidas destinavam-se a “garantir um acesso equitativo ao combustível em todo o Malawi”, disse o diretor-executivo da MERA, Henry Kachaje, na quarta-feira, 30, mas muitos residentes e empresas estão a sentir o aperto.
“A inflação disparou e, com o início da estação das chuvas, os agricultores não têm acesso nem podem transportar fertilizantes, o que coloca a segurança alimentar do país em grave risco”, afirmou a Human Rights Defenders Coalition (HRDC), um grupo local de defesa dos direitos humanos.
A falta de combustível aumentou os custos de transporte, com repercussões no aumento dos preços dos bens essenciais e dos alimentos num país onde 70% da população vive em condições de pobreza extrema.
À porta de uma bomba de gasolina na capital Lilongwe, na sexta-feira, 1, o camionista Mustafa Nankwenya, com o veículo carregado com material médico, disse que tinha passado quatro dias à procura de gasóleo para o seu camião de 10 toneladas.
Estou realmente sob pressão neste momento."Mustafa Nankwenya - camionista
Nankwenya transportava antirretrovirais para instalações de saúde do governo na cidade de Mangochi, a 350 quilómetros (cerca de 210 milhas) de distância.
O porta-voz do governo, Moses Kunkuyu, disse que a principal causa da crise foi a indisponibilidade de divisas para pagar os 75 milhões de dólares devidos aos fornecedores da mercadoria.
O problema está agora a ser resolvido, disse ele.
“Nos últimos dois dias (...) quase 70 milhões de dólares foram pagos”, disse Kunkuyu, acrescentando que ainda havia alguns problemas com o carregamento e o transporte de combustível dos portos da Tanzânia e de Moçambique.
O automobilista Godfrey Chisusu disse que o governo estava a “demorar uma eternidade” para resolver a crise.
“Se conseguiram obter divisas agora, isso significa que já deviam ter resolvido o problema há muito tempo, mas não o fizeram”, disse ele.
A Coligação de Defensores dos Direitos Humanos disse que a nação merecia saber “quando é que esta crise vai acabar”.
“Asseguraram aos malawianos que a crise duraria apenas uma semana, mas estamos agora a entrar na quinta semana, sem qualquer alívio à vista”, afirmou o grupo no comunicado.
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