A concentração dos serviços de conservatória, notários, de identificação criminal e civil na cidade e sedes municipais em Malanje dificulta em grande medida o acesso célere ao direito da cidadania, com realce para a educação, emprego e outros.
Os cidadãos são obrigados a pernoitar ou madrugar para poderem entrar nas repartições.
O líder local da Unita Januário Alfredo Mussambo diz que esta situação aprofunda a pobreza e acusa o Governo de actuar propositadamente para tornar a vida mais difícil aos cidadãos.
“Esta realidade é fruto da má governação, mas também da própria estratégia do Governo, que entende que a melhor forma de negar cidadania às pessoas é negar-lhes o reconhecimento de que são cidadãos nacionais”, acusou Mussambo.
Aquele responsável diz que a falta de documentos resulta em que muitos não consigam emprego, o que " faz parte da estratégia de aprofundar a pobreza das pessoas”.
O dirigente local da Unita apelou à intervenção das autoridades judiciais e do governador provincial.
“Se o que estamos a dizer não corresponde à verdade, gostaríamos de convidar as entidades do Governo da província, temos o responsável pelo Ministério da Justiça aqui, o seu delegado, o próprio governador de quem é a entidade máxima a fazerem uma ronda”, pediu Mussambo, justificando que é um grande problema ao nível de toda região.
Nas filas que se formam para tentar obter o BI os cidadãos adoptam um próprio sistema de prioridade como referiu António Pedro Kima ouvido pela VOA, por volta das 6 horas da manhã.
“ Eu cheguei aqui às 5:30, encontrei já os outros todos organizados, não há confusão nenhuma, tem uma lista de chegada, quando se chega coloca-se o nome para se organizar, poder entrar e esperar a recolha das cédulas”, disse Kima.
O governador de Malanje Norberto Fernandes dos Santos anunciou recentemente no município de Kambundi-Katembo que em Março próximo serão introduzidos novos mecanismos. “Vamos fazer a reunião em Malanje, vamos chamar todos os administradores para seleccionarem jovens que vão trabalhar como fizemos no censo da população e habitação”, prometeu Santos, admitindo que “a experiencia do censo vai ser também, agora feita em relação o registo e bilhete de identidade”.
“As pessoas não precisam de ir a Malanje, vamos montar aqui mesmo um centro que faz o registo e o bilhete de identidade, não é preciso sair daqui”, garantiu Norberto Fernando dos Santos, dizendo que todos os serviços chegarão a todos os municípios.