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Mais de meio milhão de angolanos enfrentaram crise alimentar no ano passado


Seca nos Gambos, província da Huíla, Angola
Seca nos Gambos, província da Huíla, Angola

Quase 300 pessoas viviam numa fase de emergência que continua

Um relatório apresentado à ONU revela que entre Outubro de 2019 e Fevereiro de 2020, cerca de 562 mil angolanos enfrentaram uma situação de crise e mais de metade delas, 290 mil pessoas, viviam numa fase de emergência.

O documento, elaborado pela Rede Global Contra as Crises Alimentares (GNAFC, na sigla em inglês), uma aliança da ONU, União Europeia e agências governamentais e não governamentais, faz previsões de “riscos significativos” para a população.

“As altas concentrações de pessoas com insegurança alimentar aguda nas províncias do sul reflectem os efeitos da redução de colheitas devido à seca em 2019 e os altos preços dos alimentos básicos”, diz o estudo, que destaca os municípios de Cahama, Cuangar, Cunhama, Gambos (ex-Chiange), Ombadja e Quilengues como estando na fase de emergência alimentar.

Ainda segundo o documento, 290 mil pessoas, estavam já em fase de emergência, a segunda mais elevada da escala.

Os relatos confirmam que “múltiplas formas de desnutrição continuam a ameaçar o bem-estar das crianças angolanas”, que enfrentam prevalência “muito alta” de deficiências de crescimento.

“As deficiências de micronutrientes são prevalecentes, com 65 por cento das crianças sofrendo de anemia”, acrescenta a Rede Global Contra as Crises Alimentares que conclui que a fome em Angola foi, em grande parte, causada pela seca e que “as populações locais enfrentaram perda de bens, deslocamentos e meios de subsistência significativamente prejudicados”.

O documento, que usou dados recolhidos ainda antes da pandemia da Covid-19, não faz qualquer previsão para este ano, mas avisa que “riscos significativos permanecem para as populações com insegurança alimentar após a pior seca em 30 ano”.

Embora os autores do documento reconheçam que o país tem feito progressos económicos e políticos substanciais desde o fim da guerra em 2002, deixa em relevo que “grandes partes da população ainda vivem na pobreza e sem acesso adequado a serviços básicos”, de acordo com dados da Universidade de Oxford, citados pelo relatório.

Em termos globais, o estudo realizado em 55 países, concluiu que, em 2020, 155 milhões de pessoas viviam em situação de insegurança alimentar, das quais 98 milhões encontravam-se no continente africano.

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