Subiu para 202 o número de cidadãos acusados de rebelião e arruaças, pela polícia na sequência de uma manifestação ocorrida na madrugada deste domingo na cidade de Saurimo, província diamantífera da Lunda-Sul.
A informação foi prestada à Voz da América pelo superintendente, Florêncio de Almeida, porta-voz local da Polícia Nacional (PN).
A manifestação visou supostamente apoiar o acto de proclamação da autonomia das Lundas orientado pelo cidadão angolano, Jota Filipe Malakito, líder de uma facção pró autonomia titulada do Manifesto Jurídico Sociológico do povo Lunda-Tchokwe (MJSPLT) .
O porta-voz da Policia disse que os acusados deveriam ser levados ao Ministério Público para formalização da acusação, assim como ao juiz de garantias.
Florêncio de Almeida revelou que há feridos entre membros da polícia em resultado das agressões protagonizadas pelos manifestantes.
Por esta razão, o porta-voz da polícia disse que alguns acusados não poderão ser julgados de forma sumária “devido à gravidade dos crimes e porque houve alguns danos nas viaturas patrulheiras”.
O Ministério do Interior tinha garantido no último domingo, no seu comunicado, não ter havido “nenhum elemento alvejado ou ferido tanto da parte dos insurgentes ou da parte dos efectivos policiais”.
Enquanto isso, o advogado, Salvador Freire da Associação Mãos Livres, disse que uma equipa de advogados poderá deslocar-se a Saurimo “nas próximas horas” para prestar assistência judiciária aos acusados.
Num dos videos partilhados nas redes sociais, na madrugada de domingo,9, é visto um grupo de cerca de dez cidadãos a hastear uma bandeira de cor azul e branca, numa zona sem iluminação, ao som de cânticos e palavras de ordem em língua nacional da região em que é exaltada a figura de Filipe Malakito, um antigo dirigente do movimento independentista que reivindicou o acto por ele descrito como “simbólico”.
“Hasteamos a bandeira, isso é que é importante. Foi assim que ficou acordado, que o resto seria feito depois”, disse Malakito que alega que direção do MPLA, partido no poder, tinha sido informada sobre o começo do “hasteamento da nossa bandeira” e o “tratado de não agressão”.
O MJSPLP foi citado, em Luanda, como tendo anunciado igualmente que após a autoproclamada “República das Lundas”, este grupo será transformado no Partido Democrático da Defesa do Estado Lunda-Tchokwe (PDDELT).
Entretanto, o jurista António Kangombe considera “ilegal e passível de punição” qualquer tentativa de tornar independente uma parcela do território nacional .
“Desse julgamento poderá, obviamente, resultar condenações com certeza”, defendeu Kangombe.
Ainda assim, o jurista angolano considera que o sentimento separatista do povo Lunda resulta da forma como as autoridades gerem o país.
“As regiões mais ricas do país são zonas cuja população está mais empobrecida”, afirmou.
O Ministério do Interior precisou que os efectivos da Polícia Nacional “ao constatarem a resistência e desacato por parte dos integrantes desse grupo”, fez o uso dos meios ao seu alcance para repor a ordem e a circulação de pessoas e bens naquela rua.
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