Mães de crianças internadas no Hospital Materno Infantil de Malange descreveram á Voz da América situações dramáticas em que por não terem dinheiro não podem adquirir os medicamentos que os seus filhos necessitam.
Mas o director do hospital disse que os pacientes graves tem acesso a medicamento sendo pedida a comparticipação dos familiares de outros que já não são considerados graves.
Por seu turno o director provincial de saúde disse terem-se registado casos de roubo de medicamentos por enfermeiros que depois os vendem aos pacientes dentro das próprias unidades hospitalares
Com efeito os hospitais, centros e postos de saúde da província de Malanje debatem-se com a falta de medicamentos e materiais gastáveis e o quadro poderá ser mais grave nos próximos tempos.
Na pediatria do Hospital Materno-infantil local os familiares das crianças internadas são obrigados a adquirir os fármacos em farmácias e no mercado informal.
Rosa Cabombo está internada com a filha há mais de uma semana e não sabe o que fará nos próximos dias sem dinheiro para comprar mais medicamentos.
“Desde que cheguei aqui neste hospital estou a fazer 11 dias, não têm medicamentos e o dinheiro que eu vinha com ele todo acabou”, disse.
“Eu trouxe 50 mil kwanzas tudo acabou, agora não tenho dinheiro para continuar com o tratamento”, acrescentou
Numa visita que efectuamos as enfermarias estavam quase às moscas nas primeiras horas desta Segunda-feira, 18, por que muitas mães decidiram abandonar a unidade hospital por não ter mais dinheiro para comprar remédios.
Juliana Domingos
“Eu estou aqui no Hospital há 5 dias, o meu marido é deficiente não aguenta vir aqui em cima, os 23.500 kwanzas que eu trazia acabou”, disse afirmando ter que ter pedido emprestado outros 1.500 Kwanzas que não sabe como irá pagar.
O director-geral do Hospital Materno-infantil, Paquete Van-Dúnem referiu que os poucos fármacos disponíveis são para as urgências e atendimento de doentes de famílias empobrecidas.
“Nós tivemos que traçar este plano e atender as pessoas em função do que nós temos, a criança chegou grave nós demos a dose do anti-palúdico já que é a patologia mais frequente as primeiras 3 doses”, disse, acrescentando que “dado essas primeiras 3 doses e se o quadro melhorar a criança vai mudar de área, vai sair da área dos graves e vai para a área menos graves”.
“Ai pedimos a comparticipação da família, aquelas famílias que não têm condições, nós assumimos até ao fim”, garantiu.
O director provincial da Saúde que reconhece dificuldades na aquisição de medicamentos em todo país acusou alguns funcionários daquela unidade hospitalar de roubarem os meios e venderem no interior das enfermarias.
“Já estamos numa fase difícil e uns se aproveitam para furtar medicamentos e vender mesmos das unidades sanitárias, vender na própria unidade sanitária, tivemos casos que aconteceram no Hospital Materno Infantil, tem acontecido de quando em vez em outras unidades hospitalares”, confirmou.
Os funcionários disseram sem gravar entrevista que estão a sofrer descontos nos seus salários sem qualquer justificação acrescentando sem gravar entrevistas, que poderão mover um processo judicial contra o director Provincial da Saúde por falsas acusações sobre o roubo de medicamentos por parte dos enfermeiros.