Sete meses depois da reeleição do Presidente angolano, líderes de organizações juvenis alertam para a onda de desobediência civil no país, em virtude de João Lourenço ter-se "afastado" dos ja juventude.
Em consequência, eles apontam, por outro lado, que a polícia aumentou a repressão.
No fim de semana, por exemplo, o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), que pretendia marchar no sábado 15, para pedir uma solução para a situação no Ensino Superior, sem aulas há quase dois meses, foi reprimida, enquanto uma marcha da organização juvenil do MPLA, no poder, foi permitida.
O activista juvenil Timóteo Miranda diz que “o povo tem fome, porque o povo sempre tem necessidade, o povo compreende que não é esta a Angola que se sonhou, e que é necessário que as pessoas se levantem para exigirem os direitos que estão consagrados na Constituição”.
Miranda acrescenta que o Presidente da República não conseguiu, no seu primeiro mandato, criar estruturas capazes de alavancar o desenvolvimento do país.
“Vemos um Estado completamente sequestrado, com estruturas completamente corruptas e sem direção”, sublinha.
Para Francisco Teixeira, presidente do MEA, Joao Lourenço lançou inicialmente esperança ao povo angolano, mas que não passou de miragem.
“Eu sinto que ele tem vontade para fazer as coisas, mas está ladeado de abutres e não vislumbro mudanças para angola neste tempo”, aponta.
Por seu lado, o líder da organização juvenil da UNITA, JURA, afirma que Lourenço distanciou-se da juventude.
“Eu penso que o Presidente Joao Lourenço tem que se aproximar mais da juventude e quando eu digo aproximar-se mais da juventude, o Presidente precisa definitivamente proibir o poder judicial de accionar o artigo do Código Penal, por exemplo, que se refere ao ultraje, o Presidente tem de perceber que é servidor público, e como servidor dos angolanos tem que aceitar críticas", diz Nelito Ekuikui, para quem Lourenço "está a afastar-se da juventude porque tem um poder judicial, tem forças de defesa e segurança que criaram um mecanismo de bloqueio”.
Ante este cenário, o sociólogo Aniceto Cunha considera ser necessário que se lance um diálogo com os jovens para se evitar a onda desobediência civil no país.
“Começamos a sentir que não estamos verdadeiramente reconciliados, e se algumas pessoas mal intencionadas ou organizações internacionais ou internacionais aproveitarem-se disso poderão pegar nestas experiências como experimento, e desenvolver acções usando jovens que podem culminar em desobediência civil em desordem em caos e penso que não é esse caminho que queremos, porque já somos um país que viemos de longa guerra civil”, aponta Cunha.
A Voz da América tentou falar com a organização juvenil do MPLA e a Polícia Nacional, mas sem sucesso.
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