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Líbia repatria 369 migrantes da Nigéria e do Mali


Emigrantes nigerianos em situação irregular que concordaram em ser deportados, fazem fila para embarcar em autocarros do gabinete anti-migração para o aeroporto internacional de Mitiga, em Tripoli, a 30 de julho de 2024.
Emigrantes nigerianos em situação irregular que concordaram em ser deportados, fazem fila para embarcar em autocarros do gabinete anti-migração para o aeroporto internacional de Mitiga, em Tripoli, a 30 de julho de 2024.

A Líbia tem sido criticada pelo tratamento dado aos migrantes e refugiados, com acusações de grupos de defesa dos direitos humanos que vão desde a extorsão à escravatura.

A Líbia repatriou, terça-feira, 30, 369 migrantes irregulares para os seus países de origem, Nigéria e Mali, incluindo mais de uma centena de mulheres e crianças, disse um funcionário à AFP.

Mohammed Baredaa, chefe da organização do Ministério do Interior líbio encarregada de travar a migração irregular, disse que foram efectuados dois voos de repatriamento que transportaram 204 nigerianos e 165 malianos.

Nove bebés, 18 menores e 108 mulheres estavam entre os migrantes irregulares nigerianos, disse Baredaa.

Baredaa afirmou que os voos foram efectuados "em coordenação com a Organização Internacional para as Migrações (OIM)".

A agência da ONU fornece voos de regresso gratuitos aos migrantes e ajuda a reintegrá-los nos seus países de origem através do seu "programa de regresso humanitário voluntário".

Mas alguns migrantes disseram à AFP na terça-feira que estavam a ser deportados à força. As autoridades líbias "chegaram de noite e arrombaram a porta", disse Hakim, 59 anos, um nigeriano que vive na Líbia há 25 anos e que não quis dar o seu apelido.

Segundo o migrante, confiscaram-lhe o passaporte antes de o deterem, a ele e à sua mulher, antes do repatriamento.

A Líbia ainda luta para recuperar dos anos de guerra e caos após o derrube do ditador de longa data Moamer Kadhafi, em 2011, apoiada pela NATO. Desde então, os contrabandistas e os traficantes de seres humanos têm-se aproveitado do clima de instabilidade que tem dominado o vasto país.

A Líbia tem sido criticada pelo tratamento dado aos migrantes e refugiados, com acusações de grupos de defesa dos direitos humanos que vão desde a extorsão à escravatura.

Situada a cerca de 300 quilómetros de Itália, é um ponto de partida fundamental para os migrantes, principalmente dos países da África subsariana, que se arriscam nas perigosas viagens pelo Mediterrâneo para procurar uma vida melhor na Europa.

Mas com os esforços crescentes da Líbia e da União Europeia para travar a migração irregular, muitos ficaram retidos na Líbia.

No início deste mês, as autoridades líbias afirmaram que quatro em cada cinco estrangeiros no país do Norte de África estavam sem documentos.

"É tempo de resolver este problema", afirmou, na altura, o Ministro do Interior, Imad Trabelsi, acrescentando que a Líbia se transformou de "país de trânsito em país de estabelecimento", algo que considerou "inaceitável".

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