A nomeação do antigo Presidente Lula da Silva para ministro da Casa Civil provocou uma onda de protestos e “panelaços” em várias cidades do Brasil nesta quarta-feira, 16.
Os protestos começaram no início da noite e aconteceram em pelo menos 15 Estados e em Brasília, com milhares de pessoas a pedirem a impugnação da Presidente Dilma Rousseff, a revogação do despacho que nomeia Lula da Silva e a sua prisão.
A “temperatura política” começou a subir depois de ter sido anunciada a nomeação do antigo Presidente e atingiu o seu ponto alto quando foram divulgadas escutas feitas com autorização da justiça de conversas entre Dilma Rousseff e Lula da Silva.
A divulgação do áudio de um telefonema entre Dilma Rousseff Lula da Silva na tarde desta quarta-feira pegou de surpresa e deixou atónito o Palácio do Planalto, levando a Presidente a chamar os seus ministros mais próximos e assessoria jurídica para avaliar a situação.
A nomeação do ex-presidente para a Casa Civil, acertada em duas longas reuniões na terça e na quarta-feira, era tratada como forma de reforçar o Governo, apesar de enfraquecer a Presidente, disseram fontes da Presidência à agência Reuters.
A avaliação era de que haveria um desgaste político, mas que seria superado pela actuação de Lula no Governo.
Após a divulgação de nota a confirmar a nomeação, a Presidente decidiu dar uma entrevista para refutar boatos de que haveria uma mudança da política económica, com um alívio fiscal, e negar que uma das razões para a nomeação de Lula seria dar foro privilegiado ao ex-Presidente que agora sera investigado e julgado pelo Supremo Trbunal Federal.
“Por trás de uma afirmação dessa, tem, sobretudo, uma suspeita do Supremo Tribunal Federal. Ou seja, o Supremo Tribunal Federal não é uma Justiça que pode punir, que pode investigar, mandar investigar e absolver? É. É uma Justiça até, é a maior, é a Suprema Corte do país. Então, por trás dessa afirmação de que seria 'se esconder', estaria uma desconfiança da Suprema Corte do País? É isso que as oposições querem colocar? Por quê?”, disse Dilma a jornalistas.
A gravação foi feita nesta quarta-feira, pouco depois das 13 horas.
O Planalto questiona a legalidade da gravação da conversa da Presidente, que tem foro privilegiado, mesmo que tenha sido feita através de uma escuta da conversa de Lula.
Enquanto isso, a manifestação, que havia sido chamada pelo Movimento Brasil Livre para o final da tarde em protesto pela nomeação de Lula para a Casa Civil, cresceu exponencialmente depois da divulgação dos áudios.
A segurança do Palácio do Planalto fechou as cortinas do quarto andar e proibiu as pessoas de “espiarem a manifestação”.
No final da noite, a revista Veja revelou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está decidido a pedir abertura de inquérito contra a Presidente Dilma Rousseff por obstrução da investigação judicial.
Janot já tinha essa convicção desde a delação do senador Delcídio do Amaral, antes mesmo da divulgação do áudio da conversa em que ela combina com Lula de enviar o termo de nomeação para o caso de ele ter a prisão preventiva decretada antes da posse.