O Presidente brasileiro demitiu na sexta-feira, 6, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, alvo de denúncias de assédio sexual divulgadas pelo portal Metrópoles e pela organização Me Too Brasil.
O processo envolveu também a ministra para a Igualdade Racial, Anielle Franco, como uma das vítimas.
Em nota divulgada após a demissão, Almeida afirmou que a apuração dos factos deve ser realizada “com o rigor necessário, de modo a acolher e respaldar todas as vítimas de violência”.
“Será uma oportunidade para que eu prove a minha inocência e me reconstrua”, disse, e enfatizou “a importância de combater a violência sexual por meio de estratégias que garantam a proteção das vítimas, reforçando a necessidade de investigações criteriosas e transparentes, com controle social e participação efetiva do sistema de justiça”.
“Que os factos sejam postos para que eu possa me defender dentro do processo legal", concluiu o antigo ministro.
Entretanto, o blog Política, do portal G1, informa que, durante a conversa de 30 minutos com o Presidente Lula da Silva, Sílvio Almeida disse “se quiser, me demita”.
Numa primeira reação às denúncias, Almeida refutou as acusações.
”Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, escreveu em nota.
Posição “insustentável”
Ao comunicar a demissão, Lula da Silva considerou “insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual".
Antes, ele tinha afirmado que ninguém acusado de violência contra mulher tinha lugar no seu Governo.
Na quinta-feira, 5, o portal "Metrópoles" revelou denúncias de assédio sexual protagonizados por Silvio Almeida no ano passado,
De seguida, a organização não governamental Me Too Brasil confirmou as denúncias em nota pública.
Uma das vítimas, segundo o portal, foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
O Presidente Lula da Silva reuniu-se também com Franco e outras mulheres numa forte demonstração de condenação a qualquer ato de violência contra as mulheres.
Também a ministra Anielle Franco divulgou uma nota após a demissão de Silvio Almeida em que afirmou que “tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência".
Franco reiterou que “não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência” e reconheceu “a ação contundente do Presidente Lula”.
O Presidente também demitiu a secretária-executiva dos Direitos Humanos, Rita Cristina de Oliveira, que recusou assumir o Ministério interinamente.
De forma interina, Lula da Silva indicou a ministra Esther Dweck, responsável pela pasta da Gestão e Inovação, para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
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