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Lula da Silva critica inércia da ONU e lembra que 735 milhões de pessoas passam fome no mundo


UN Brazil
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Presidente brasileiro afirma que Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade, enquanto as desigualdades aumentam.

O mundo está cada vez mais desigual, 735 milhões de pessoas passam fome no mundo e o Conselho de Segurança perde de forma progressiva a sua credibilidade, afirmou o Presidente brasileiro ao discursar na 78a. Assembleia Geral da ONU que teve início nesta terça-feira, 19, em Nova Iorque, Estados Unidos.

"Há 20 anos, ocupei esta tribuna pela primeira vez. Volto hoje para dizer que mantenho minha inabalável confiança na humanidade, reafirmando o que disse em 2003. Naquela época, o mundo ainda não havia se dado conta da gravidade da crise climática. Hoje, ela bate às nossas portas, destrói nossas casas, nossas cidades, nossos países, mata e impõe perdas e sofrimentos a nossos irmãos, sobretudo os mais pobres. A fome, tema central do meu discurso neste parlamento mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã", apontou Lula da Silva, dando assim mote a um discurso em que voltou a chamar a atenção para as desigualdades sociais e exigiu trabalho das lideranças mundiais.

Depois de apresentar o que o seu Governo tem vindo a fazer no combate à desigualdade, como oos programas "Brasil sem Fome", o "Bolsa Família" e a lei recentemente aprovada que obriga empresas a pagar salários iguais para homens e mulheres na mesma função, ele afirmou que o seu país está comprometido a implementar todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de maneira integrada e indivisível.

"Queremos alcançar a igualdade racial na sociedade brasileira por meio de um 18º objetivo, que adotaremos voluntariamente", apontou Lula da Silva que exigiu um maior empenho dos "países ricos" em temas como a superação da fome e da desigualdade, a promoção da paz, a reversão das mudanças climáticas e a reforma de instituições como a própria ONU.

Desigualdade precisa inspirar indicação

Ao abordar as implicações das mudanças climáticas, o Presidente brasileiro afirmou que uma nova postura é necessária, que "implica pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas".

"Os países ricos cresceram baseados num modelo com alta taxa de emissão de gases danosos ao clima, a emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implantação do que já foi acordado", defendeu Lula da Silva, lembrando que "os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera".

"Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo", prosseguiu, "marcando uma distinção entre países ricos e o chamado Sul Global", sublinhou o Chefe de Estado brasileiro, para quem "a desigualdade precisa inspirar indignação. Indignação com a fome, a pobreza, a guerra, o desrespeito ao ser humano".

Também neste aspeto, Lula da Silva afirmou que a ONU deve assumir o seu papel na superação das desigualdades globais e que, por isso, é regularmente criticada por não prever mecanismos eficientes para monitorar ou punir governos que reduzam a qualidade de vida das populações.

ONU debaixo de críticas

A organização foi alvo de críticas do Presidente brasileiro quando disse que o Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade.

"Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia", continuou Lula da Silva, acentuando que a alegada fragilidade do Conselho de Segurança "decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime".

Lula da Silva, que tem sido criticado por uma alegada postura dúbia em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia, afirmou que "a guerra na Ucrânia expõe a nossa incapacidade coletiva de fazer cumprir os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas" e sublihou que "nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo".

Para ele, "é preciso trabalhar para criar um espaço de negociação" e concluiu dizendo que "a ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno", mas que "só o fará se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la".

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