Tumultos no perímetro da cadeia de Viana, em Luanda. Dois feridos, entre os quais um cidadão português, viaturas com vidros partidos, incluindo os de um autocarro é o balanço do levantamento dos ex-militares que se sublevaram na manhã desta quarta-feira. O tráfego ficou interrompido na estrada que liga o centro da cidade de Luanda ao município da Viana.
A polícia disparou armas de fogo e lançou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que bloqueavam a via. No local podem ser divisados vestígios, como vidros partidos.
São desmobilizados, na sua maioria chefes de famílias.Desmobilizados aos milhares,alguns deles, cerca de mil, foram escolhidos para integrar os serviços prisionais.Há meses que aguardam por um desfecho processo administrativo que conduzirá à sua integração.
As instalações da cadeia de Viana, afectas ao Ministério do Interior, eram apenas o ponto de concentração de onde habitualmente recebiam informações úteis sobre os desenvolvimentos na tramitação.
Deslocados para o habitual ponto de encontro vinham carregados de grandes expectativas.Pouco depois, avisados em como uma decisão final haveria de ser comunicada apenas no próximo mês, sentiram-se frustrados pelo que decidiram contestar no recinto interior.
Com reclusos por perto, a segurança no perímetro prisional resolveu fazer disparos para os dispersar.Cá fora, bloquearam estradas e mandaram parar viaturas.
Um dos tais desmobilizados, que pediu para não ser identificado, resumiu para nós o que é estar na pele de um ex-combatente.
Agostinho Ventura Gaspar é português, tem negócios em Luanda onde trabalha. Foi colhido de surpresa. Ficou ferido na face parte superior esquerda.
A polícia interveio com reforços em homens e meios aéreos.Dois feridos, entre eles uma reclusa, que se preparava para sair para um posto médico.
António Gaspar Fernandes é o Director Adjunto dos Serviços Prisionais. Diz que vai reanalisar os processos de candidaturas, pois considera ser mau precedente este acontecimento, embora aceite as culpas pelos atrasos que se registam na tramitação do processo justificando-se a ira dos homens.
Estão detidos quatro indivíduos que se supõe terem participado da manifestação, apesar do responsável já ter admitido de como não está seguro do seu envolvimento.
No local podiam ser divisados vestígios de vidros partidos e demais meios utilizados pelos amotinados.
Com altas taxas de desemprego, a capital do país é um ponto de referência no que diz respeito a tensões sociais.