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Luanda: Presidentes da RDC e do Ruanda chegam a acordo que pode acabar com tensão entre os dois países


Presidentes João Lourenço, de Angola (esq), Paul Kagame, do Ruanda (cen) e Felix Tshisekedi, da RDC, Luanda, 21 Fevereiro 2020
Presidentes João Lourenço, de Angola (esq), Paul Kagame, do Ruanda (cen) e Felix Tshisekedi, da RDC, Luanda, 21 Fevereiro 2020

O acordo foi mediado em Luanda pelo Presidente angolano João Lourenço

Os presidentes da República Democrática do Congo (RDC) e do Ruanda acordaram nesta quarta-feira, 6, criar um mecanismo ad-hoc de observação da cessação das acções militares a ser dirigido por um oficial general das Forças Armadas Angolanas.

General angolano vai controlar cessar fogo Ruanda/RDC – 1:42
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O anúncio foi feito pelo Presidente angolano no final de mais uma cimeira tripartida destinada a encontrar uma solução para o conflito que opõe aquelas duas nações africanas.

João Lourenço disse também que os dois governos vão reactivar a sua comissão mista bilateral e que a primeira reunião terá lugar no próximo dia 12, em Luanda.


“Houve um entendimento perfeito entre nós, Chefes de Estado, que conduziram ao resultado que acabo de anunciar”, sublinhou João Lourenço na sua condição de mediador do conflito.

A Cimeira de Luanda foi antecedida de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países.

As relações entre os dois países vizinhos complicaram-se desde que a RDC recebeu, na parte leste, hutus ruandeses acusados de participar do genocídio de tutsis em 1994.

Em Março deste ano, a RDC acusou o Governo do Ruanda de enviar militares das forças especiais para o território congolês.

Por seu lado, o Ruanda nega apoiar os rebeldes e acusa o exército congolês de disparar contra o seu território e de lutar ao lado das FDLR, um grupo armado dirigido por hutus étnicos que fugiram de Ruanda depois de participar do genocídio de 1994.

A actual escalada da tensão deve-se ao ressurgimento do grupo M23 (Movimento 23 de Março), milícia armada que em 2012 fez oposição ao Governo congolês e gerou um violento conflito que forçou o deslocamento de milhares de pessoas na província do Kivu Norte.

O M23 era inicialmente uma milícia formada por tutsis da RDC e, alegadamente, apoiada pelos governos de Ruanda e do Uganda.

A 23 de Março de 2009, a milícia assinou um acordo de paz com o Kinshasa que culminou com a incorporação dos seus membros no exército da RDC.

Entretanto, em 2012, os rebeldes se reergueram contra o Governo da RDC, acusado de não cumprir a sua parte no acordo assinado três anos antes.

Nasceu, assim, o M23, em referência à data em que foi firmado o controverso pacto.

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