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Livro revela construção de 200 anos de relacionamento entre EUA e Cabo Verde


Jorge Tolentino, diplomata e autor da obra
Jorge Tolentino, diplomata e autor da obra

Um livro de partilha de um percurso que orgulha os cabo-verdianos é como o diplomata Jorge Tolentino resume a obra “Estados Unidos de América e Cabo Verde: uma parceria histórica e estratégica”, lançada esta semana na capital cabo-verdiana.

Diplomata de carreira, antigo embaixador e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Tolentino recolhe de forma sintética e de escorreita leitura os mais de 200 anos de relações entre os Estados Unidos e Cabo Verde, consolidados no que ele chama de “parceria histórica e estratégica”.

A obra nasce de um convite feito pela Encarregada de Negócios dos Estados Unidos na Praia, que desafiou o diplomata a ser o orador principal de um Jantar de Gala organizado pela Embaixada dos Estados Unidos em Cabo Verde para assinalar o arranque da comemoração da efeméride.

"Estados Unidos de América e Cabo Verde: uma parceria histórica e estratégica”, livro de Jorge Tolentino
"Estados Unidos de América e Cabo Verde: uma parceria histórica e estratégica”, livro de Jorge Tolentino

No livro, Tolentino garante que essas relações são anteriores à chegada, em 1818, do cônsul americano à Praia, o primeiro na África Subsariana “porque já existiam os vice-cônsules cabo-verdianos que representavam os negócios americanos, particularmente da Nova Inglaterra.

O escritor discorre pelas várias etapas desse relacionamento, nas suas mais diversas formas para mostrar que, de facto,“constitui um caso exemplar entre um país pequeno, um arquipélago e uma grande potência”

Este relacionamento, para Jorge Tolentino, é cimentado “pelos fortes laços, até de sangue, entre os dois povos e entre os governos, depois da independência de Cabo Verde”.

Com várias obras já lançadas, o diplomata destaca a participação de cabo-verdianos em diferentes momentos da história americana, “da pesca da baleia à participação dos cabo-verdianos em todas as guerras americanas, nos movimentos cívicos e sindicais, nas plantações ao mundo laboral”, mas também “como é que o sentido da solidariedade dos Estados Unidos em relação a Cabo Verde foi-se manifestando nos momentos mais dífíeis, como nas secas”.

Neste aspecto, o autor destaca a primeira ajuda americana em 1832 para combater a fome e lembrou que Washington e Praia assinaram o primeiro acordo, depois da independência de Cabo Verde, em 1975, no domínio da ajuda alimentar”, factos que, para Tolentino, “cimentam essa relação que podemos considerar exemplar”.

Durante a luta pela independência de Cabo Verde, os Estados Unidos estiveram do lado da colónia, Portugal, aliado da Nato, enquanto o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), tinha o apoio da Rússia e Cuba.

Negociações para a paz

Na conversa com a VOA, Jorge Tolentino, militante do PAICV, partido que herdou o da luta pela libertação, é perempório ao afirmar “que não houve sequelas nenhumas e, pelo contrário, os Estados Unidos foram dos primeiros países a reconhecerem Cabo Verde no dia da Independência (5 de Julho de 1975)” e hoje constituem um dos principais parceiros do arquipélago.

Desde então, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, da Defesa e da Cultura durante os governos do PAICV (2001-2016), lembra o forte apoio de Washington à entrada de Cabo Verde nas Nações Unidas, dois meses após a independência, a instalação de embaixadas três anos mais tarde, o acordo no domínio dos transportes, o “open sky” e, mais recentemente, a escolha de Cabo Verde para receber os dois Millenniun Chalenge Account, com um envelope superior a 170 milhões de dólares”.

Entretanto, Tolentino lembra um dos pontos altos desse relacionamento construído na décade de 1980 e que culminou com os acordos de paz na África Austral, na independência da Namíbia e da retirada de cubanos e sul-africanos de Angola: o papel de Cabo Verde como cenário e participantes activo nas negociações entre Estados Unidos, África do Sul, Angola e Cuba.

Com a afirmação da pareceria estratégia no sector de segurança e estabilidade no Atlântico Médio, o diplomata aponta outros caminhos para um relacionamento ainda mais forte entre os dois países: “comércio/turismo e novas tecnologias, ensino superior e conhecimento, devem ser os eixos desse relacionamento, enquanto outros sectores irão se desenvolvendo em paralelo”.

A obra, que leva a chancela da Arnaldo França Livraria, terá uma nova edição trilingue, português, inglês e crioulo que deverá estar no mercado ainda este ano.

Ouça a entrevista:

Livro revela construção de 200 anos de relacionamento entre EUA e Cabo Verde - 11:00
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