A Polícia Nacional (PN) de Angola libertou os nove activistas dos direitos humanos de Cabinda detidos no sábado, 28, depois do pagamento de uma multa de 200 mil kwanzas (equivalente a 309 dólares ao câmbio oficial de 27 de novembro) passada em nome de Alexandre Kuanga Nsito, coordenador da Associação para o Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos em Cabinda.
Nsito e oito colegas foram detidos na manhã de sábado no no Largo 1º de Maio quando se preparavam para uma manifestação que visava pedir a libertação de três activistas políticos detidos desde 28 e 30 de junho e apelar para a paz em Cabinda”
Eles foram soltos no final da tarde, por volta das 18:30 horas locais, depois de terem sido notificados que "violaram o artigo 27 do Decreto Presidencial nº 298/20, de 20 de novembro, que aprova as medidas excepcionais e temporárias a vigorar durante a situação de calamidade pública declarada por força da pandemia Covid-19" , já que, para os responsáveis do Serviço de Investigação Criminal (SIC), os arguidos foram detidos em agrupamento de mais de cinco pessoas.
O também activista José Marcos Mvungo, que se encontra fora de Angola, após ter passado quase 14 meses preso, em nota enviada à VOA, considerou ser "curioso o esquecimento do Governo Provincial de Cabinda e do SIC, porque, recentemente, no dia 21 do corrente, os activistas de Luanda organizaram uma manifestação e não consta que tivessem sido detidos e soltos mediante notificação por transgressão.
"Deste modo, mais uma vez se confirma que manifestar em Cabinda é crime, mesmo se se trata de um direito consagrado na Constituição angolana e que o recente encontro do Presidente da República de Angola, João Lourenço com organizações juvenis foi uma perda de tempo", conclui Mavungo.
Entre os detidos, além de Nsito, estavam Alexandre Kasu, João Alexandre, Mateus Muanda Tempo, Luciano Muanda e Alfredo Valdemiro Ledi, entre outros.
A marcha foi convocada por dezenas de activistas para pedir a libertação de colegas presos e a favor da paz em Cabinda.