Dezenas de adolescentes e mulheres que tinham sido raptadas e feitas reféns durante ataques dos insurgentes dos distritos de Macomia e Muidumbe, na província moçambicana de Cabo Delgado reapareceram, esta semana, após quase dois anos nas mãos dos rebeldes.
A informação foi avançada à VOA nesta quinta-feira, 16, por várias fontes locais.
O primeiro grupo de nove, que inclui raparigas raptadas a 7 de abril de 2019 em Chitunda, no assalto a vila de Muidumbe, reapareceu na segunda-feira, 13, após escapar de uma das bases dos insurgentes no sul de Mocímboa da Praia.
Um outro grupo, de mulheres e adolescentes, incluindo raparigas grávidas, reapareceu igualmente na vila de Macomia, na quarta-feira, 15.
As adolescentes tiveram que caminhar por vários dias pelas matas para chegar à vila de Macomia.
“Encontrei-me com uma das meninas (raptada) dos seus nove anos e disse que no mato tinha um ‘marido’ adulto” conta à VOA, Sulemane Rachid, um activista social, adiantando que várias das adolescentes foram abusadas sexualmente pelos rebeldes.
Uma outra moradora de Macomia, citando a sobrinha que está entre as adolescentes que reapareceram disse que “elas foram colocadas em liberdade” porque estavam na iminência de um ataque à base, onde se encontravam, onde todos os homens tinham sido “enviados à guerra".
As autoridades ainda não se pronunciaram sobre o reaparecimento das adolescentes.
Na semana passada, as tropas de Moçambique e Ruanda anunciaram um avanço significativo nas matas do sul de Mocímboa da Praia e norte de Macomia, tendo desactivado duas importantes bases dos rebeldes ligados ao Estado Islâmico.
A força conjunta assaltou a base de Siri 1 e Siri 2, tendo na primeira base recuperado grandes quantidades de armamento, combustível, munições e viaturas de combate, que supostamente tinham passado para as mãos dos insurgentes no assalto ao arsenal estatal em Mocímboa da Praia.