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Liberdade na internet em declínio global, revela relatório do Freedom House


 "Diamantes de Sangue", de Rafael Marques
"Diamantes de Sangue", de Rafael Marques

Relatório critica bloqueio de materiais do jornalista angolano Rafael Marques.

A liberdade na internet está em declínio no mundo, pelo quinto ano consecutivo. A conclusão é de um relatório especializado elaborado pela organização Freedom House.

Em Angola, único país africano de expressão portuguesa entre os 65 analisados, as autoridades tendem a controlar a circulação de informação na internet. A classificação do relatório é “parcialmente livre”.

Um dos casos de violação de liberdade citados é a ordem dada ao jornalista e bloguista Rafael Marques para remover conteúdo relacionado com o seu livro da internet. Dada a impossibilidade de levar a cabo a ordem, observadores viram a medida como uma forma de garantir uma posterior perseguição ao jornalista.

Marques, diz o relatório, viu o seu blog de notícias Maka Angola atacado e inacessível por muitos dias enquanto corria o processo de difamação, que resultou numa condenação, em Maio, a seis meses de prisão com pena suspensa, pelo Tribunal Provincial de Luanda.

No livro “Diamantes de Sangue”, Marques denuncia a violação de direitos humanos nas minas de diamantes nas Lundas detidas por generais do regime.

Além do caso de Marques, o relatório indica outros episódios de violação de circulação livre de informação.

Em Abril deste ano, um utilizador de facebook foi detido por alegadamente ter ofendido um general, vindo a ser liberto da prisão militar após retirar o seu texto. Em Junho, foi revelado que os serviços secretos angolanos tencionavam adquirir à empresa Hacking Team um sistema de bloqueio.

Fontes internas disseram aos autores do relatório que alguns órgãos de informação independentes têm sido advertidos por funcionários do governo a evitar reportar sobre determinados assuntos. Entre os órgãos constam Folha 8 e Rede angola.

No geral, o relatório diz que Angola, apesar de ser um dos países da Africa subsaariana com maior rede de telecomunicações, a maioria da população não tem acesso a tecnologias de informação por ser pobre e viver nas zonas rurais.

O relatório assinala que no último ano, não foram registadas restrições na conexão à internet ou telefonia móvel, mas sublinha que uma lei sobre comunicação electrónica, de 2011, dá ao presidente o poder de controlar a seu bel-prazer todo o sector de tecnologia de informação, denuncia o relatório.

No mundo, o declínio está associado ao facto de os governos estarem cada vez mais a censurar informação de interesse público e a expandirem a vigilância e bloqueio de meios privados.

Autoridades de 42 dos 65 países analisados exigiram a companhias privadas e ao público restrições ou eliminação de conteúdos na internet ligados à política, religião ou sociedade, contra 37 no ano anterior.

Em 40 países, foram detidas pessoas por partilha de informação sobre política, religião e sociedade usando plataformas digitais.

Catorze países aprovaram leis para aumentar a vigilância na internet e outros tantos melhoraram os seus sistemas de controlo.

Tal como Angola, Nigéria, Zimbabwe, Zâmbia e Malawi figuram entre os países onde a liberdade na internet é parcialmente livre. Entre os que não têm liberdade figuram Arábia Saudita, Cuba, Egipto, Sudão e Vietnam.

Estados Unidos da América, África do Sul, Brasil e Quénia constam da lista dos poucos países com total liberdade.

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