A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) manifestou nesta quinta-feira, 30, em Benguela, a sua preocupação face ao que chama de "desencanto da população" em relação ao processo que decorreu durante vários meses.
Numa mensagem sobre as próximas eleições, no fecho da 1ª Assembleia Anual que decorreu em Benguela, os bispos pedem que os órgãos de comunicação social, sobretudo os estatais, deixem de ser unilaterais e tendenciosos, abraçando o rigor e a isenção.
O prelado disse ainda que "Angola precisa de um Governo competente e que governe para todos, não apenas para os que o elegeram e, pior ainda, para uma elite de privilegiados".
O antigo primeiro-ministro e professor universitário Marcolino Moco corrobora a posição da CEAST porque, para ele, o Governo não trabalhar para o povo angolano.
“Vem ao encontro as posições que a Igreja felizmente tem tomado e é a situação que temos, de um Governo que trabalha para uma meia dúzia de indivíduos”, diz Moco, lembrando que o Executivo até “ameaça outros Estados, como Portugal, quando toma posições sobre suspeitas de lavagem de dinheiro”.
Leitura contrária tem o membro do MPLA e candidato a deputado nas eleições de Agosto, Daniel Fernandes, para quem “este Governo tem-se destacado pela postura de proximidade”.
Para Fernandes, “tem sido uma governação de povo para povo, com programas de comparticipação das comunidades, em que os projectos resultam de um plano nacional de desenvolvimento que se inspirou, sobretudo, na agenda nacional de consenso”.
Embora considere que os “governadores hoje pode chegar mais facilmente às estruturas do Governo”, Fernandes admite haver “coisas para melhorar”.
Quanto ao registo eleitoral, em relação ao qual a CEAST disse haver um “desencanto da população”, Marcolino Moco é de opinião que “há muitas dúvidas à volta desse processo”, enquanto Daniel Fernandes diz que “foi um processo exemplar que recebeu elogios de países africanos, da oposição e da sociedade civil e que, ao contrário, não há qualquer desalento”.
Na conversa com a VOA, Moco corrobora ainda a posição dos bispos sobre “o controlo total da imprensa pública por parte do poder”.
Questionado se a posição da CEAST terá algum peso no processo actual, Marcolino Moco considera que não, mas acredita que “pode ser um alento para a sociedade angolana, para oposição, que muitas vezes acaba por não ter voz”.
Daniel Fernandes ressalvou, na entrevista à VOA, que a democracia em Angola é ainda muito jovem e que, por isso, está a melhorar.
“Ouvi há dias a embaixadora americana dizer que os Estados Unidos são independentes há mais de 200 anos e precisam melhorar, imagine Angola que é um país jovem”, concluiu aquele candidato a deputado pelo MPLA.
A posição da CEAST foi dada a conhecer depois de uma reunião de 10 dias em Benguela.