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Dirigentes europeus analisam sua ausência das conversações EUA-Rússia sobre a Ucrânia


Presidente Francês, Emmanuel Macron, recebe o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para a cimeira informal de dirigentes europeus sobre a Ucrânia, Paris, 17 fevereiro 2025
Presidente Francês, Emmanuel Macron, recebe o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para a cimeira informal de dirigentes europeus sobre a Ucrânia, Paris, 17 fevereiro 2025

Marco Rubio deve reunir-se na terça-feira com autoridades russas na Arábia Saudita

O Presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu nesta segunda-feira, 17, governantes da Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Polónia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca, bem como o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, o presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen para conversações em torno da iniciativa dos EUA de iniciar as conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, aparentemente sem o envolvimento das autoridades europeias.

As discussões ocorreram após a conversa por telefone na semana passada entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em que concordaram em iniciar negociações imediatas para pôr fim à guerra de três anos da Rússia contra o seu vizinho, inicialmente sem o envolvimento de líderes ucranianos ou europeus.

O secretário de Estado norte-americano deve reunir-se neste terça-feira, 18, com responsáveis russos.

Marco Rubio está acompanhado nas negociações por dois outros importantes responsáveis norte-americanos, o conselheiro de segurança nacional do Presidente, Mike Waltz, e o seu enviado para o Médio Oriente, Steve Witkoff.

Não parece que nenhuma autoridade ucraniana participe nas negociações, mesmo com o Presidente Volodymyr Zelenskyy a ter dito repetidamente que não aceitará uma determinação dos EUA e da Rússia sobre o futuro da Ucrânia e que a Kyiv deve estar envolvida em qualquer solução para o conflito.

A Rússia detém agora cerca de 20% do território internacionalmente reconhecido da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia que Moscovo anexou unilateralmente em 2014 e grande parte do leste da Ucrânia.

Após chegar a Paris, von der Leyen disse no X que “a segurança da Europa está num ponto de viragem”.

”Sim, é sobre a Ucrânia”, mas também é sobre nós, precisamos de uma mentalidade de urgência, precisamos de um aumento da defesa e precisamos dos dois agora”, concluiu von der Leyen.

O discurso do vice-presidente JD Vance

As autoridades europeias manifestaram receio de que Trump possa retirar as tropas norte-americanas da Europa ou negociar o fim da guerra russa na Ucrânia em termos mais favoráveis a Moscovo do que Kyiv.

Sob o comando do ex-Presidente Joe Biden, os EUA e os aliados europeus apoiaram uniformemente a Ucrânia e forneceram milhares de milhões de dólares em armamento.

Além disso, os dirigentes europeus ficaram chocados na semana passada com o discurso do vice-presidente dos EUA, JD Vance, em Munique, no qual atacou a Europa por excluir grupos de extrema-direita do poder e o que isso pode significar para as futuras relações entre os EUA e a Europa.

Força de manutenção da paz

Os governos europeus prometeram nos últimos dias um apoio contínuo à Ucrânia, tendo o primeiro-ministro britânico Keir Starmer dito que o seu Executivo está pronto para enviar tropas para a Ucrânia como parte de qualquer força de manutenção da paz do pós-guerra.

"Não digo isto de ânimo leve", escreveu no domingo no Daily Telegraph.

"Sinto profundamente a responsabilidade que advém de colocar potencialmente em perigo militares britânicos, homens e mulheres", disse Starmer disse reiterando que garantir uma paz duradoura na Ucrânia é essencial para impedir Putin de novas agressões.

Por seu lado, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, disse nesta segunda-feira que o seu país não descartaria contribuir com tropas para uma força de manutenção da paz que tenha um “mandato claro”.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que a Conferência de Segurança de Munique realizada na semana passada revelou a mensagem clara de que a segurança da Ucrânia e da União Europeia “não podem ser separadas”.

“Não haverá negociações credíveis e bem-sucedidas, nem paz duradoura, sem a Ucrânia e sem a União Europeia”, concluiu.

Em Moscovo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos jornalistas na segunda-feira que a delegação russa nas negociações de Riade com os EUA é integrada pelo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, e o conselheiro de política externa de Putin, Yuri Ushakov.

Marco Rubio e a presença da Ucrânia

Embora as conversações de Riade sejam o primeiro esforço para acabar com a guerra, o secretário de Estado americano disse domingo, 16, no programa “Face the Nation”, da estação televisiva CBS, que “um processo rumo à paz não é algo que se realiza numa única reunião”.

“Veremos nos próximos dias e semanas se Vladimir Putin está interessado em negociar o fim da guerra na Ucrânia, de uma forma que seja sustentável e justa”, afirmou Marco Rubio, acrescentando que assim que as “negociações reais” começarem, a Ucrânia “terá de estar envolvida”.

Zelenskyy não aceita solução sem Kyiv presente

Por seu lado, também no domingo, numa entrevista ao programa “Meet the Press”, da NBC, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, foi e peremptório: “Nunca aceitarei quaisquer decisões entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a Ucrânia, nunca, a guerra na Ucrânia é contra nós e são as nossas perdas humanas”.

Zelenskyy reconheceu que, sem o apoio militar contínuo dos EUA, “provavelmente será muito, muito, muito difícil” derrotar a Rússia.

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