Está instalado um ambiente de clivagem no partido Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na cidade da Beira, província de Sofala.
Membros fundadores estão de costas voltadas ao presidente, Lutero Simango, a quem acusam de estar a gerir o partido de forma autocrática e a transformar a organização num braço do partido no poder no país em troca de alguns mandatos na próxima legislatura da Assembleia da República
O porta-voz do movimento, minimiza o ambiente, sublinhando que no exercício da democracia interna do partido, é normal que os membros expressem sentimentos sobre o que os inquieta para o bem do movimento, prometendo que Simango virá a público em breve explicar-se.
Elias Impuiri, antigo deputado, disse que Lutero Simango na sua liderança, tem pautado por uma filosofia de gestão de amiguismo com um punhado de pessoas, onde tudo faz via telefone, sem consentimento dos órgãos sociais, como se o MDM trata-se de um património pessoal ou familiar.
Realça que. segundo diz, o mais grave é que não reúne com os quadros, contrariámente ao que preconizam os estatutos que prevêm no mínimo dois encontros ordinários por ano.
Essa gestão instalou um ambiente hostil que está forçando muitos membros da direcção a abdicarem das suas funções, alguns até a desertarem do partido e filiarem-se noutras formações políticas, acescentou.
“Por isso estamos preocupados com a saúde do partido. Fundamos o partido para ser alternativa à governação da Frelimo no país, não para servir de um departamento do partido no poder”, disse.
Ele queixou-se do facto de Lutero Simango estar supostamente a participar nos encontros convocados pela Presidência da República com os partidos políticos para a busca de soluções para a crise pós-eleitoral, sem o consentimento da comissão política e depois não partilhar com os quadros o que é abordado.
Impuiri disse que foi com estranheza e surpresa que muitos dentro do partido tomaram nota da subida do número de assentos do partido na Assembleia da República, de quatro anunciados pela Comissão Nacional de Eleições para oito na proclamação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional que deram vitória ao partido Frelimo e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Ele disse existirem suspeitas que tenha havido alguma negociata durante os encontros da presidência da república e os partidos políticos.
“Eventualmente nessa subida, pode haver troca mas não sabemos o que o MDM vai oferecer para ter recebido esses quatro”, acrescentou Elias.
Dissidentes querem reunião do Conselho Nacional
O grupo exige o mais breve a realização do Conselho Nacional para discutir o futuro do partido e adverte que caso a exigência não seja satisfeita, usará todos mecanismos legais para afastar da presidência, Lutero Simango de modo a salvaguardar e restaurar a imagem da formação política que considera estar a resvalar para o abismo.
Em reação, o porta-voz do MDM, Ismael Nhacucué, disse que os seus correligionários são soberanos para reclamar e intentar acções nos órgãos sociais no exercício da democracia interna onde estão livres de manifestar os seus sentimentos e fazer críticas construtivas.
Para Nhacucué cada membro do MDM é livre de fazer as suas análises, admitindo que “eventualmente possa existir algum mal-estar devido a problemas de comunicação, pode acontecer”.
“Mas o presidente se pronunciará brevemente sobre estas declarações”, acrescentou .
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