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Líder da UNITA diz que democracia poderá ruir e avisa do perigo de “excessivas” denominações religiosas


Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, principal partido da oposição de Angola
Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, principal partido da oposição de Angola

MPLA e UNITA têm o mesmo discurso sobre religião, diz Elias Isaak

O presidente da UNITA disse nesta terça-feira, 4, que "deliberadamente, ou apenas por inépcia, o edifício da democracia angolana está claramente em grave crise e ameaça ruir".

Adalberto Costa Júnior fez esta afirmação na conferência nacional do seu partido sobre o estado da Geopolítica e Segurança do país, na qual criticou também asperamente a "imoralidade que campeia hoje no sistema judicial, onde os tribunais superiores e os respectivos magistrados se renderam ao regime de partido-Estado e na sua maioria revelam-se marionetas do poder unipessoal do Presidente da República".

Para o líder da oposição, é “incompreensível que se tenha delapidado de forma irresponsável e em prejuízo das actuais e futuras gerações", os recursos financeiros que lhes teriam permitido retornar à condição de auto-suficiência alimentar.

“Infelizmente, atingimos os níveis de decadência e descalabro que se observam nos dias de hoje apenas por incúria governativa, por falta de sabedoria na gestão da coisa pública”, afirmou.

“Excessivo" número de denominações religiosas

No seu discurso, Adalberto Costa Júnior chamou a atenção para o que considera de dualidade de tratamento do Estado em relação às confissões religiosas que exercem a sua liberdade de culto em Angola.

Adalberto Costa Junior na conferência de segurança da UNITA - 1:57
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Para o Líder da UNITA, o país tem que se preocupar como facto de haver “presentemente, um excessivo número de denominações religiosas, igrejas, seitas, enfim o que quer que seja, sem serem suportadas por uma doutrina teológica" e que muitas dessas igrejas tem tido uma acção perniciosa para a sociedade angolana.

Costa Júnior enfatizou haver inclinação por parte do Governo em apoiar algumas denominações religiosas em detrimento de outras e disse entender que o tratamento devia ser uniforme.

"Isto demonstra que existe cumplicidade da parte de alguns dignatários do governo com certas denominações religiosas suspeitas que entram em Angola, sobretudo no período de campanha eleitoral que muitas delas foram legalizadas", afirmou, tendo dado como exemplo a seita “A Luz do Mundo”.

"Estranha-me que não se tenha observado a mesma ilação quando há alguns anos se procurou banir com excessiva e macabra carga policial e sem menor respeito pela legislação sobre liberdade religiosa as questões ligadas à seita A Luz do Mundo, cujo líder Julino Kalupeteka até hoje encontra a cumprir pena de prisão após controverso julgamento", afirmou Adalberto Costa Júnior.

MPLA e UNITA têm “mesmo discurso” sobre a religião

O pastor Elias Isaak considerou que tanto o que está no poder no país e outro na oposição no caso a UNITA, não diferem muito na questão da liberdade religiosa.

"Tanto o partido no poder como a oposição têm quase o mesmo discurso, onde se calhar só diferem na aplicação”, sublinhou.

"Para mim o que preocupa são os discursos, o que me faz pensar se um dia a UNITA no poder poderemos ter os mesmos problemas sobre liberdade religiosa”, acrescentou Isaak para quem “Angola é um espaço aberto onde a própria natureza divina é que estabelece o controlo e faz aparecer ou desaparecer as denominações religiosas"

Em relação a eventual perigo de instabilidade por intermédio das confissões religiosas no oaís, o jurista Pedro Caparakata entende que Angola há muito deixou de ser de predominância cristã.

"Os católicos e o Islão vão bater-se em Angola, a qualquer momento estes dois grupos religiosos vão transformar Angola num campo de batalha entre si”, adverte.

A conferência nacional sobre Geopolítica e Segurança é uma organização do chamado Governo-sombra da UNITA que começou nesta terça-feira de manhã.

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