“Não conheço nenhuma ferramenta cultural que tanto une os guineenses quanto o crioulo”, diz Spencer Embaló, da organização da Kriolofonia.
Embaló explica que essa foi a base para a criação da semana da kriolofonia, que já vai na terceira edição, e presta homenagem a duas figuras importantes da cultura guineense: Amilcar Cabral e José Carlos Schwarz.
“No fundo estamos a contribuir para trabalhar em aspectos da nação, daquilo que nos une, entanto que guineenses”, diz o activista cultural.
Além de exibições teatrais e musicais, com nomes como Zé Manel, a semana conheceu momentos de literatura e reflexão académica sobre o crioulo.
A reflexão académica, diz Embaló, é parte de um amplo movimento pela inclusão do crioulo no sistema de ensino, algo que o governo não tem dado a devida atenção.
“O argumento de que não há ferramentas” para o ensino em crioulo “é fraco, porque o governo nunca tentou criar condições efectivas” para tal, critica Embaló.
E, continua Embaló, a questão da “situação política só pode ser um bode expiatório” para quem nada quer fazer.
“Não se compreende como é que o Estado ainda não acordou para essa apropriação, reconhecimento e valorização da língua como deve ser”.
Para ele, com uma visão estratégica, o país poderá ter o crioulo como sua prioridade, e isso não carece de financiamento exterior.
Organizadores do “Kriolofonia” estão preocupantes com o facto de existirem pessoas que ainda julgam que “o uso do crioulo é desprestigiante”, diz Embaló.
Mas, recorda Embaló, todos têm consciência da importância do crioulo para a transmissão de mensagem importantes – em campanhas de saúde ou mesmo eleitorais – no país onde nem todos dominam o Português.