O Comando Provincial da Polícia Naional em Luanda está a desenvolver na centralidade do Kilamba, na zona do KK 5 mil, um projecto-piloto de policiamento de proximidade.
O objectivo deste serviço é implementar uma nova filosofia de trabalho que visa uma colaboração com a população e que actua na prevenção de crimes, aconselhamento jurídico e familiar.
Para o êxito deste serviço implementado de forma experimental há dois anos, a corporação está a redimensionar e adequar as suas estruturas para este novo paradigma de trabalho, que de acordo com Lázaro Conceição, Chefe do Departamento de Segurança Pública, Vigilância e Patrulhamento do Comando Provincial da Polícia de Luanda, não vai colidir com os outros serviços prestados pelo Ministério do Interior.
“A investigação criminal e os outros órgãos da Polícia Nacional receberão um impulso, porque o trabalho quando é desenvolvido na perspectiva preventiva poupa-nos mais recursos, mais meios e tempo para que possamos fazer a repressão e a investigação dos crimes”, explicou.
No policiamento de proximidade estabelece-se uma parceria entre a Polícia Nacional e os cidadãos.
Conhecido noutras partes do mundo como policiamento de comunidade, o sistema é visto como essencial para prevenção do crime.
Na centralidade do Kilamba, vários têm sido os assaltos sofridos por cidadãos na calada da noite. Viaturas são danificadas, residências assaltadas, lojas são arrombadas, cidadãos são mortos entre outras situações.
Quem já foi vítima dos “amigos do alheio”, conta com arrepio a situação por que passou. Ramiro Manuel é um pequeno empresário e tem na centralidade do Kilamba um estabelecimento comercial. Ele reporta que já foi vítima de assalto. O caso já está sob a investigação policial, porém há um ano que a Polícia não consegue esclarecer o crime.
“Retiraram os vidros, saquearam algumas coisas e saíram pela janela da parte de trás, que é da casa de banho. No dia seguinte apresentamos a queixa à polícia, que esteve cá e fez um inquérito, porém de lá para cá a polícia não diz nada”, lamentou.
Depois da implementação dos serviços de policiamento de proximidade, há quase dois anos, Ramiro Manuel refere que nenhuma outra anomalia foi registada, pelo que, o policiamento de proximidade tem surtido muito efeito na Centralidade do Kilamba.
“Este ano ainda não registei nada. Tenho tido sempre a visita da polícia aqui no estabelecimento e temos mantido contactos, de modo que qualquer situação entro em contacto com eles”, assegurou.
Com o policiamento de proximidade, o Estado procura estabelecer a confiança mútua entre a Polícia e o cidadão, com vista a reduzir os índices de criminalidade através de acções qualificadas de forma comunitária.
Constitui prioridade para polícia as acções de prevenção, com a permanência dos agentes na via pública para patrulhamento e mediação de conflitos. As vítimas dos crimes e os grupos têm merecido maior atenção dos efectivos.
Há cerca de três meses que Manuela João foi vítima de uma acção criminosa perpetradas por elementos até agora desconhecidos. Foi graças a intervenção de um polícia que ela escapou das garras dos malfeitores que para além de uma tentativa de homicídio, tentaram abusar sexualmente dela, drogaram-na e apoderaram-se do dinheiro que tinha na altura. O acto criminoso foi protagonizado por cinco pessoas: quatro rapazes e uma menina.
“Graças a um polícia que estava a passar e a fazer a ronda. Quando veio polícia ele tentou me arrastar na mata, mas não consegue ele foge e o polícia levou-me até a passadeira eu já desmaiada”, explicou.
No âmbito do policiamento de proximidade, nas circunstâncias em que não é possível evitar que os crimes ocorram, a repressão é chamada. O recurso a repressão, segundo o Chefe do Departamento de Segurança Pública, Vigilância e Patrulhamento do Comando Provincial da Polícia de Luanda consiste em integrar no policiamento de proximidade uma ferramenta do modelo de policiamento tradicional.
A falta de meios de transporte para facilitar a deslocação dos efectivos da polícia tem sido uma das maiores dificuldades, embora a corporação tenha estado a recorrer a alternativas para superar este problema. Vários grupos de polícia estão a ser formados de forma gradual para que o projecto de estenda em toda extensão do território de Luanda.
A estratégia para implementação do policiamento de proximidade em zonas de difícil acesso e localizadas nas periferias, será a adaptação do projecto de acordo a realidade de cada municipalidade.
Lázaro Conceição refere que “as dificuldades de aceder a alguns bairros provavelmente vão continuar,” por falta de iluminação e urbanização, mas de dia o policiamento de proximidade vão continuar a existir procurando saber as dificuldades da população.