Os activistas Isaías Cassule e Alves Kamulingue foram mortos por “orientação superior”, disseram em tribunal dois dos acusados do rapto e assassinato.
A acusação foi feita perante o juíz Carlos Baltazar por Manuel Miranda, antigo investigador do distrito urbano da Ingombota, e Luís Miranda, ex-chefe dos serviços de informação do Comando de Divisão da Ingombota, que confessaram ter sido os autores do rapto de Alves Kamulingue.
Eles disseram, contudo, desconhecer quem disparou mortalmente contra o activista, ao mesmo tempo que confessaram que a morte de Cassule e Kamulingue tinha sido uma orientação superior.
Um dos advogados da defesa, patrocinada pela Associação Mãos Livres, é citado pela imprensa em Luanda como tendo dito na ocasião ser preciso saber quem foram os autores morais dos assassinatos de Cassule e Kamulingue escondidos por detrás das “ordens superiores”.
Estão detidos neste processo sete operativos dos serviços secretos em Luanda e ainda o delegado e o seu adjunto, António Gamboa Vieira Lopes e Paulo Mota, respectivamente.
O julgamento que recomeçou esta semana havia sido suspenso devido à promoção a brigadeiro de António Vieira Lopes, um dos arguidos, entretanto já revogada, que forçou o Tribunal Provincial de Luanda a declarar-se, na altura, incompetente para julgar o caso.
Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram assassinados em 2012 quando tentavam organizar uma manifestação, que visava exigir do Governo angolano o pagamento de salários em atraso e uma indemnização, enquanto antigos membros da Unidade de Guarda Presidencial (UGP).