Três emigrantes guineenses, que dizem ter sido agredidos em Paris, pelos seguranças do Presidente da República, acreditam que a justiça francesa vai responsabilizar criminalmente os seus agressores e cúmplices, depois de terem apresentado uma queixa na polícia.
Umaro Sissoco Embaló diz desconhecer o caso, mas sublinhou que o papel de segurança é proteger o Presidente da República,
Ouvido pela Voz de América, a partir de Paris, Olívio Barreto, uma das alegadas vítimas da agressão do corpo de segurança do Presidente da Guine-Bissau no passado dia 8 de dezembro, durante o encontro entre Sissoco Embaló e a comunidade guineense, radicada em França, apresentou a sua versão de factos em que acusa Iaia Camará, chefe de Segurança do Presidente da República
“Comecei, de esquerda para direita do Presidente, quand cheguei ao próprio Presidente, ele me disse “não, não vou-te cumprimentar, porque tu me insultas nas redes sociais”. Eu disse ‘não, eu não te insulto’. E quando voltei ao moderador do evento e com esperanço de poder usar de palavra, não sei se foi o Presidente que deu sinal ao Iaia [Segurança do Presidente da Republica] ou se foi a iniciativa do próprio Iaia [Camará] ele veio e agrediu-me a frente do Presidente [da República] e começou-me puxar para fora”, Barreto.
Ataque e queixa à polícia
Ainda segundo ele, antes de chegar ao Hall da entrada, “começou a bater-me e juntaram-se a ele os seus colegas e todos começaram a me espancar e quando cai no chão, veio e sentou-se encima do meu peito para me asfixiar, ao mesmo tempo que orientava aos seus colegas para me arrastarem para casa de banho”
De seguida, continuou Barreto, “na casa de banho me derrubou de novo e sentou em cima do meu peito, e ai eu não aguentei, parei [de resistir]”
”Não é porque desmaiei, não, porque perdi a força por completo”, afirmou.
Presidente reage
Aquele emigrante guineense, radicado em França há décadas, nega ter assumido uma postura de provocação, como sugerem alguns relatos nas redes sociais, vindos, sobretudo, dos apoiantes do Presidente da República.
“O que é provocação para eles? Só se foi porque rejeitamos receber as ‘kalas’ [lenço islâmico que o Presidente usa], porque recusamos usar ‘kala’, isso, sim. Mas, o grupo que estava lá [nós] não vi ninguém a provocar”, sublinhou Olívio Barreto.
Ele e mais dois colegas que dizem ter sido vítimas,m de agressões por parte de Seguranças dos Presidente da República, apresentaram queixa na Polícia francesa.
À Voz de América ele disse disse esperar que a justiça seja feita contra os actores da agressão e seus cúmplices:
“A queixa também é dirigida à Embaixada [da Guiné-Bissau] que nos convidou. Não quer dizer que Umaro Sissoco Embaló não consta do processo. O nome dele e a da comitiva fazem parte do processo da queixa, porque ele presenciou um acto violento e não mandou parar”, concluiu Barreto.
Umaro Sissoco Embaló esteve de visita oficial a Paris, ocasião que lhe serviu para reunir-se com a comunidade guineense radicada em França.
Ao regressar a Bissau, na terça-feira, 10, questionado sobre o caso, Umaro Sissoco Embaló afirmou que não soube do ocorrido, mas lembrou que o papel de segurança é proteger o Presidente da República.
“Nos Estados Unidos, se levantar as mãos [contra um Presidente da República], antes mesmo de as baixar, és alvo a tiro. Portanto, se o fizeram [segurança], perante ameaça ao Presidente da República, então fizeram muito bem. É o trabalho deles, e doravante tem que ser assim”, afirmou.
O Presidente esteve na França para assistir à reabertura da Catedral Norte Dame e realizou uma visita de Estado de um dia na segunda-feira, 9.
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