O Presidente angolano, João Lourenço, advertiu que não haverá uma nova lei de amnistia para os crimes previstos nas duas leis sobre repatriamento de capitais, aprovadas em 2018, e criticou alguns sectores do MPLA, que, segundo ele, auguram “mesmo um previsível fracasso" do combate à corrupção.
Ao discursar na abertura da reunião do Comité Central do MPLA, em Luanda, nesta sexta-feira, 29, Lourenço acrescentou que a Lei de Repatriamento Voluntário de Capitais constituiu já o equivalente, em termos práticos, a uma amnistia por um período de seis meses, mas que não foi aproveitada.
"A responsabilidade só é de quem optou por tentar ludibriar o Estado mais uma vez", frisou o Presidente para quem as pessoas que não aproveitaram o período de graça optaram por criar e disseminar "tanto quanto possível a ideia segundo a qual esta cruzada contra a corrupção está a fragilizar o partido e pode mesmo levar à sua divisão".
Pelo contrário, ele lembrou que a corrupção levou o MPLA a perder votos, ao contrário do que, segundo Lourenço, dizem alguns para quem a cruzada contra a corrupção está a fragilizar os “camaradas”.
"Nada mais falso e enganador. Se tivermos em conta que nas duas últimas eleições gerais, embora as tivéssemos ganho, o partido perdeu, em cada uma delas, cerca de 10 pontos percentuais", asseverou Lourenço, dizendo que o partido ficará cada vez mais enfraquecido se continuar a pensar que dizer "tolerância zero" para com a corrupção significa nada fazer.
O Presidente também não deixou de realçar que "a sociedade angolana está mais aberta, os cidadãos têm mais liberdade de expressão, de reunião, de associação, existe também maior liberdade de imprensa, o que é de aplaudir, de encorajar".