Jovens angolanos reunidos numa mesa-redonda sobre juventude, cidadania e participação em ano de eleições nesta terça-feira, 24, em Luanda, concluíram não haver espaço para o debate nem para que os mais novos expressem as suas opiniões.
O evento reuniu activistas, professores, políticos e jovens de diversas tendências e funções no pátio da União dos Escritores Angolanos (UEA), em virtude de, ao contrário do anunciado, a organização não ter tido acesso à sala de eventos.
O activista Mbanza Hamza, um dos preleitores da mesa-redonda, afirmou que uma das razões da não participação da juventude nos espaços públicos é a repressão do Governo contra quem pensa de forma diferente.
“O nosso Estado é repressivo, agride, prende e mata, Cassule e Kamolingue foram mortos, o Ganga também”, sublinhou Hamza, apelando a juventude a insistir na participação.
Outra preletora do evento, Sizaltina Cutaia considerou que que a falta de oportunidades leva com que em Angola os jovens não tenham espaço público.
“Precisa-se de espaço para os jovens poderem discutirem”, reiterou Cutaia, numa actividade que devia ter acontecido na sala de eventos da UEA, mas que acabou por ser realizado no pátio.
Plataforma processa UEA
O Coordenador da Plataforma Juvenil de Cidadania Walter Ferreira acusou o presidente da União dos Escritores de Angola, Carmo Neto, de ter impedido a realização do evento e disse que contactou os advogados porque “vamos responsabilizar a União dos Escritores”.
Em conversa com a VOA, Neto disse ter pedido desculpas aos organizadores porque, na verdade, a UEA está a melhorar as condições da sala de eventos.
“Dissemos que houve alguma irregularidade na pessoa que terá recebido a documentação na medida em que nós estamos a melhorar a sala”, defendeu-se Carmo Neto.
O evento enquadra-se no debate sobre a participação da juventude nas eleições de 2017.