Simão Caetano é natural de Luanda, mas reside e trabalha na Cidade do Cabo, África do Sul. É co-fundador da Sênnas Exchange, que vende mercadorias variadas. Em entrevista à Voz da América durante o mês da luta pelos direitos das mulheres, Simão quis abordar o empreededorismo e a importância de uma maior participacão das mulheres para que o país tenha uma economia forte.
O interesse de Simão pelo empreendedorismo surgiu devido às circunstâncias difíceis pelas quais Angola passava. Embora o empreededorismo fosse uma opção para ele, para as mulheres não era.
Simão explicou que em Angola a palavra empreender é associada à masculinidade, e por isso as mulheres não estão muito interessadas, o que é uma consequência do factor histórico de que a mulher é vista como um ser submisso ao homem.
“Embora aspirem à liderança, queiram ser donas de si mesmas, ou queiram atingir a tão desejada independência financeira, acabam por fazer com que o potencial delas adormeça. E muitas chegam a pensar que na melhor das hipóteses ser empreendedora é difícil, e na pior, conciliar a vida pessoal e a professional é um bicho de sete cabeças”.
No entanto, o empreendedor argumenta que isso precisa ser superado.
“Género não define competência.”
Em conversa com jovens angolanas, Simão identificou outros factores que as impedem de tornarem-se empreendedoras, como o medo, a falta de capital e a falta de ideias.
Ele explicou que não se pode achar que toda empresa precisa de equipamentos e um edifício, porque esses são elementos complementares para o bom funcionamento da mesma.
“Quem faz as empresas são as nossas mentes”.
O empreendedor destacou que as decisões tomadas nas empresas são feitas por indivíduos que se encontram no topo da hierarquia, e numa primeira instância essas decisões determinam o sucesso ou fracasso das mesmas.
“Todos nós temos o poder na nossa mente. É importante que façamos o exercício dela".
Como mudar a realidade das mulheres em Angola?
Simão Caetano acredita que a realidade pode ser mudada se começarmos a inspirar as mulheres, conciencializá-las, promover actividades. Ele defende que as empresas têm que fazer a parte delas, mas as mulheres não precisam esperar por essa mudança, porque elas podem ser os agentes da mudança.
Um exemplo que Simão deu foi o dele próprio. A empresa do qual é co-fundador foi aberta sem capital e com apenas um computador e a internet.
Por isso ele reitera que para desenvolver um empreendimento precisa-se de uma ideia. Depois devemos nos juntar uns aos outros, a uma pessoa que tenha capital para formar uma equipa, e quem sabe assim ter sucesso.
"Podemos contribuir com ideias que valem milhões, mas é essencial encontrarmos as pessoas certas para formar parcerias.A nossa mente é a chave de tudo. Eu acredito no potencial da mulher angolana."
Confira a entrevista!