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José Maria Neves condecora Eugénia Neto e Salim Ahmed Salim e pede que líderes africanos assumam suas responsabilidades


Maria Eugénia Neto, viúva de Agostinho Neto, com José Maria Neves, Presidente de Cabo Verde, Praia, 5 Julho 2023
Maria Eugénia Neto, viúva de Agostinho Neto, com José Maria Neves, Presidente de Cabo Verde, Praia, 5 Julho 2023

Presidente cabo-verdiano condecorou 20 personalidades nas comemorações do 48o. aniversário da Independência de Cabo Verde

Os líderes africanos devem assumir as suas responsabilidades para que todos os cidadãos do continente vivam bem, afirmou o Presidente cabo-verdiano ao condecorar com a Ordem Amílcar Cabral a viúva do primeiro Presidente angolano Maria Eugénia Neto e o antigo primeiro-ministro e diplomata tanzaniano Salim Ahmed Salim.

Maria Eugénia Neto foi condecorada pela mobilização das mulheres na luta pela independência do seu país.

Salim, ex-secretário-geral da antiga Organização da Unidade Africana, amigo e defensor dos ideais de Amílcar Cabral assistiu à proclamação da independência de Cabo Verde a 5 de Julho de 1975.

A cerimónia em que José Maria Neves condecorou mais 18 organizações e personalidades, aconteceu nesta quarta-feira, 5, na cidade da Praia.

Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, discursa na ceminónia de celebração do 48 anos da Independência Nacional, Praia, 5 Julho 2023
Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, discursa na ceminónia de celebração do 48 anos da Independência Nacional, Praia, 5 Julho 2023

“Cinquenta anos depois, os termos de intercâmbio entre África e outras partes do mundo são extraordinariamente desiguais, os líderes africanos têm uma responsabilidade enorme de romper esta barreira, a descolonização mental e intelectual de África e assumirem plenamente as suas responsabilidades para uma África em que todos os africanos vivam bem”, afirmou Neves, quem destacou "o gesto heróico de Cabo Verde em lutar pela libertação", que "contou com muita entrega e generosidade da Casa dos Estudantes do Império em Portugal, onde Amílcar Cabral conheceu o importante contributo de Agostinho Neto, Lúcio Lara, Alda Espírito Santo e Marcelino dos Santos".

Por "uma África livre e digna"

Ao discorrer sobre a luta pela autodeterminação dos povos africanos, o Chefe de Estado cabo-verdiano destacou as figuras destemidas em ver “uma África livre e digna".

“Levar ao peito a medalha de Amílcar Cabral é justo reconhecimento e gratidão ao enorme contributo que deu à libertação de África. Salim quis uma África unida, forte, próspera, onde todos os africanos pudessem viver bem, mas ainda não realizamos totalmente com este sonho”, disse José Maria Neves.

Ao se dirigir à poetisa e viúva de Agostinho Neto, o Presidente cabo-verdiano lembrou que "neste momento de companheirismo tivemos uma mão que soube sempre afagar o ânimo dessa luta de liberação de Angola e de Cabo Verde, e a Eugénia Neto esteve sempre na linha da frente desse combate, com muita afetividade, com muita entrega, para que as sementes lançadas à terra pudessem germinar e pudéssemos, em 1975, ascender à independência de Cabo Verde e de Angola".

Neves recordou o "combate permanente" de Eugénia Neto com a escrita de crónicas, poemas, livros que contam às crianças e às gerações futuras a "enorme gesta" de libertação.

Ao concluir a cerimónia, em que condecorou organizações e personalidades ligadas à defesa do ambiente, o Presidente cabo-verdiano pediu que recebessem as medalhas "como símbolo da nossa amizade, da nossa gratidão, mas sobretudo do nosso empenhamento em continuar a manter acesso o facho desta luta que é permanente, por uma África muito melhor.

Vida de luta

Ao falar na cerimónia, Eugénia Neto disse que o gesto de Neves "demonstrou ser um líder com visão ampla da história e uma perspectiva clara do futuro" e que "esta distinção une os povos de Cabo Verde, Angola e Portugal".

A escritora e ex-primeira dama de Angola aceitou a condecoração que disse entregar aos seus "filhos, netos e bisnetos, para que continuem a lutar pela felicidade e bem-estar da humanidade".

Ela lembrou a luta para" libertar homens, mulheres e crianças", abordou o racismo em Portugal e na África e disse que sua vida "foi, em resumo, uma luta pelo amor e pela pátria", "lutei por amor a Agostinho Neto, aos meus filhos e a Angola".

Neto falou em "tempos surpreendentes" em que há tentativas de se "reescrever a verdade da história".

As condecorações enquadraram-se na celebração do 48o. aniversário da Independência de Cabo Verde.

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