José Patrocínio, presidente da Omunga, entregou na semana passada uma carta aos escritórios da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, na Gâmbia, em que diz ter tomado conhecimento de fonte não formal, de ter escapado de uma cilada na mesma altura em que aconteceu um assalto à sua residência, a 18 de Fevereiro de 2015.
No documento entregue à Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, Patrocínio não deu detalhas sobre a alegada cilada, mas revelou à VOA que “o que terá acontecido é que a pessoa que deveria provocar o atentado teria desistido à última hora. Possivelmente poderia ter sido um acidente de viação.”
Aquele defensor dos direitos humanos em Angola escusou-se a fornecer mais pormenores , alegando que “o mais importante, está na posse dos responsáveis das instituições da província.”
Entretanto, uma fonte ligada aos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) , disse a VOA que o acidente seria protagonizado por um camião contra uma motorizada que José Patrocínio tem usado regularmente, para a suas deslocações, mas o cidadão de nacionalidade chinesa que tinha sido recrutado para conduzir o referido camião desistiu à última da hora.
Patrocínio acredita que estas perseguições e ameaças tenham a ver com todo o seu posicionamento em relação aos Direitos Humanos em Angola, sublinhando que “infelizmente quando pensamos diferente e não pactuamos nem com a corrupção nem com os abusos ficamos conotados e alvo de ataques. Estes podem ser administrativos ou contra a tua integridade física.”
O activista acrescentou ainda ter recebido informações de que a 17 de Maio houve uma reunião no Vimba Lambe, município da Catumbela, com a presença de membros do MPLA e da administração da Catumbela para ameaçar o soba Restino caso preste informações à Omunga.
Segundo o próprio Patrocínio, o MPLA considera que traiu o partido e que a Omunga está ligada à oposição. “ Embora tudo isto seja estúpido, demonstra bem como funcionam as estruturas do nosso país”, refutou Patrocínio.
Recorde se que a 18 de Fevereiro de 2015 a residência do coordenador da Omunga foi assaltada por dois indivíduos usando a farda do exército nacional e armados com uma pistola e uma metralhadora AKM. Os mesmos agrediram o segurança e levaram uma máquina fotográfica e um telefone. A residência fica localizada junto aos escritórios da Omunga na cidade do Lobito.
No documento entregue agora à Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, a Omunga revela preocupações com a interferência da Presidência da República na limitação da liberdade da associação através do novo regulamento das organizações não governamentais.
Na carta, também são denunciadas a crescente perseguição aos defensores dos direitos humanos e jornalistas e a repressão de manifestantes.
A Omunga solicita a urgente intervenção da presidente da Comissão Africana junto do Governo de Angola no sentido de respeitar as liberdades consagradas na Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos.