O primeiro-ministro de Cabo Verde aguarda a conclusão de um estudo de opinião que mandou realizar para decidir se será ou não candidato a Presidente da República.
Uma fonte próxima de José Maria Neves garantiu à VOA que esse estudo em curso irá decidir o futuro político imediato do actual chefe do Governo cabo-verdiano.
“Tudo indica que ele poderá candidatar-se”, continuou a mesma fonte, adiantando que Neves tem estado a ouvir várias pessoas, “inclusive no exterior, onde tem bons conselheiros”.
A notícia de uma eventual candidatura do primeiro-ministro à Presidência da República faz manchete na edição desta quinta-feira do jornal A Nação com o título “Neves ´quase´ presidenciável”.
O próprio José Maria Neves reconheceu, em declarações hoje à agência Lusa, ser “uma manchete provável”, mas admitiu apenas estar a ponderar sobre essa possibilidade.
“Sendo uma ponderação, não estou a dizer que sou candidato. Mas, tendo em conta o calendário político, havendo pessoas à espera de uma decisão minha, terei nos próximos dias que decidir, de uma vez por todas e de forma mais clara, sobre o assunto", disse ao A Nação.
Estudos de opinião realizados há algum tempo “animaram” José Maria Neves a concorrer às presidenciais, a acreditar em fontes próximas do PAICV, no poder.
Antes, ele tinha dito que, embora não excluísse uma candidatura presidencial "no futuro" tinha intenções de, depois de terminar o actual mandato em Abril, ir fazer um doutoramento.
A 6 de Novembro, em conversa com a VOA a partir de Luanda, onde se encontra va visita, questionado sobre uma eventual candidatura, Neves disse que, "por agora quero terminar o mandato”, mas lembrou que muita água vai correr debaixo da ponte.
“Este ano choveu muito em Cabo Verde, estamos a um ano das eleições e até lá muita água vai correr debaixo das pontes”, afirmou.
Analistas dizem que uma possível candidatura do primeiro-ministro “agrada sobremaneira” a sucessora de Neves à frente do PAICV e candidata a primeira-ministra Janira Hopffer Almada nas legislativas de 20 de Março.
José Maria Neves é considerado o “maior capital político do PAICV” por observadores na cidade da Praia depois de três mandatos à frente do Governo, com ganhos reconhecidos a nível interno e externo.
Caso avance, como tudo indica, Almada tem menos um problema porque, apesar de as candidaturas presidenciais não serem partidárias, o PAICV não hesitaria em apoiar Neves, evitando assim ter de procurar um candidato num universo onde, por agora, não há muitas opções.
O adversário natural
O actual Presidente da República Jorge Carlos Fonseca será, em princípio, o adversário de José Maria Neves.
No fim do seu primeiro mandato e também com boa apreciação junto do eleitorado, de acordo com as poucas sondagens realizadas no ano passado, Fonseca deverá recandidatar-se aa um segundo mandato e terá o apoio do principal partido na oposição, o MpD.
Nos últimos dias, Jorge Carlos Fonseca tem participado em muitos eventos realizados pelas câmaras municipais presididas pela oposição e, em algumas ocasiões, foi visto ao lado do líder do MpD e candidato a primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.
As eleições presidenciais devem acontecer em Outubro e Novembro, mas, antes, em Março realizam-se as legislativas, seguidas das autárquicas no Verão.